Em entrevista ao Café do MyNews, Carlos Lula critica a postura do presidente, fala em nova onda e afirma que pais podem ser responsabilizados por se negarem a vacinar crianças
por Sara Goldschmidt em 10/01/22 14:23
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, participou do Café do MyNews desta segunda-feira (10), e disse que a nota emitida no sábado (8) pelo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, em que ele reage às declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que a entidade poderia ter algum interesse por trás da aprovação da vacinação contra a covid-19 em crianças, foi “muito aplaudida” pelos secretários. Segundo Lula, eles “não tem mais paciência, porque é como se a gente estivesse um 2020.3”.
O presidente do Conass, que também é secretário de Saúde do Estado do Maranhão, desabafou sobre o que ele classifica como uma disputa que não tem sentido. “A gente tá em 2022, terceiro ano da pandemia, todo mundo esgotado fisicamente, mentalmente, e tendo que lidar ainda com esse tipo de disputa que a gente não sabe nem a razão de ser. E eu acredito mesmo que o presidente [Bolsonaro] não vá falar nada sobre a nota [de Antonio Barra Torres], porque a nota coloca ele numa posição de que qualquer coisa que ele fizer é ruim”, ressaltou Carlos Lula.
O secretário falou ainda sobre a importância da Anvisa ser neutra e imparcial, e poder agir de maneira técnica, sem precisar se submeter aos interesses do governo. “A Anvisa, ao reagir, mostra essa força, essa grandeza que a gente tem que ter nas agências reguladoras, porque elas estão para além da política partidária e da política eleitoral”, reforçou.
Lembrando que Antonio Barra Torres foi indicado ao cargo por Bolsonaro, mas a relação entre eles começou a ruir após o depoimento do presidente da Anvisa para a CPI da Pandemia, e depois se agravou com a polêmica do passaporte da vacinação, defendido pela entidade. Barra Torres possui um cargo de mandato, e não pode ser demitido.
Vacinação infantil
Ao ser questionado pela jornalista Juliana Braga sobre a interferência das declarações do presidente Jair Bolsonaro na decisão dos pais de vacinar ou não seus filhos contra a covid-19, Carlos Lula foi enfático: “Quando a gente tem uma guerra, pela maior autoridade da República, contra a vacina, a gente sabe que isso vai afetar. E isso é um problema, e vai ser um problema não pra agora, é um problema pro anos que virão. A gente vai levar muito tempo pra conseguir fazer a sociedade retornar, e entender, e ter segurança no sistema de novo”.
O presidente do Conass também enfatizou que os pais podem, sim, ser responsabilizados por não vacinarem seus filhos, seja contra a covid-19 ou outras doenças. Segundo ele, o Ministério Público é o órgão fiscalizador nestes casos, e pode tomar providências contra pais que se negarem a imunizar as crianças, pois a obrigatoriedade da vacinação está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Carlos Lula disse ainda que “é possível que os municípios, que os estados, coloquem restrições à esta conduta [dos pais]. A gente pode exigir carteira de vacinação no ato de matrícula, e há leis municipais nesse sentido”. Essa providência impactaria diretamente na vida escolar das crianças. Por isso, para facilitar a adesão à vacinação e a vida dos pais, o Conass está orientando as secretarias de Saúde a levar o imunizante contra a covid-19 até as escolas.
Autoteste e nova onda
O secretário de Saúde do Maranhão defende a aprovação pela Anvisa do autoteste contra o coronavírus, que é proibido no Brasil sob a alegação de que uma pessoa leiga poderia manipulá-lo inadequadamente, e dessa forma a testagem não apresentaria um resultado preciso. “Não há razão pra gente proibir presumindo que a pessoa não vai conseguir fazer e achar o resultado correto do teste”, afirmou ele.
Lula ainda esclarece que se a pessoa não se sentir segura para fazer o autoteste, ela pode ir na farmácia, por exemplo, realizar a testagem com um profissional. E que o autoteste poderia ajudar no controle da pandemia.
Durante a entrevista, ele falou ainda sobre o aumento de casos de covid-19 após as festas de fim de ano e que “seria o caso do Ministério (da Saúde) já reconhecer que a gente está diante de uma nova onda, ainda que tenha esse apagão de dados (no site do Ministério)”.
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