Ações de companhias de tecnologia foram as mais negociadas durante o auge da crise sanitária. No entanto, em janeiro de 2022 esses papéis foram os mais evitados pelos investidores
por Vitor Hugo Gonçalves em 10/02/22 20:54
Setor tech: Aclamadas durante o auge da pandemia, as ações de tecnologia foram as mais evitadas no início de 2022. A principal razão está na percepção dos investidores quanto ao fluxo de aumento de juros imposto por boa parte dos Banco Centrais ao redor do mundo, movimentação entendida como um dos principais riscos para os mercados.
Uma pesquisa realizada pelo Bank of America em janeiro mostrou que os mais robustos gestores de fundos reduziram suas posições overweight (aquelas com visão acima da média do mercado) para os níveis mais baixos desde dezembro de 2008, ano da crise econômica global.
Já um estudo conduzido pelo Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, apontou que a imensa maioria dos entrevistados acredita que os papéis de tecnologia dos Estados Unidos estão em “território de bolha”, uma vez que os investidores permaneceram mais pessimistas frente aos movimentos agressivos de política monetária e rendimentos mais altos.
“A inflação acima do esperado continua a ser o motor predominante desses temores baixistas, mas sua contraparte, um Federal Reserve mais agressivo, atraiu muito mais preocupação dos entrevistados”, justificou a instituição alemã.
As empresas de tecnologia têm como característica necessitarem de níveis elevados de investimentos, para ganharem escala e participação de mercado. No entanto, em resposta à probabilidade de mais aumentos de juros neste ano, os investidores aumentaram suas posições em ações de bancos, commodities e indústrias, setores cíclicos que tendem a se beneficiar de taxas mais altas.
No acumulado de 2022, até o dia 27 de janeiro, a Bolsa americana Nasdaq, conhecida pela alta concentração de ações de tecnologia, recuava quase 15%. Só na terceira semana do mês a desvalorização foi de 7,5%, a maior para o intervalo desde o início da pandemia, em março de 2020.
Ulysses Reis, professor na Strong Business School, explica que o aceno para o aumento dos juros nos EUA é apenas uma das razões para o tombo. “O Fed estava com juros baixos, estava muito fácil para as empresas de tecnologia pegarem investimentos. […] Com o aumento da taxa de juros, essa tomada de crédito já não se torna tão interessante, e a economia começa a se reequilibrar”, falou.
“A pandemia fez com que toda a estrutura econômica de trabalho mudasse, as pessoas foram para o home office e houve muito investimento nessa área – tanto que ainda hoje temos a falta de chips e semicondutores, por exemplo, que foram desviados para a produção de computadores, notebooks, smartphones etc. Houve uma demanda muito forte sobre o setor tech, era muito fácil ganhar dinheiro nessa área… Hoje, a situação já começou a inverter”, complementou Reis.
Dessa maneira, a atual conjuntura do setor pode ser compreendida também como um regresso à normalidade, como era verificado no mercado pré-pandemia.
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