Apesar de ter ganhado notoriedade midiática e social, a guerra na Ucrânia não é a única que acontece no mundo. Outras guerras já causaram milhares de mortes e desabrigados.
por Suzana Souza em 18/03/22 10:57
Acampamento de refugiados sírios na Grécia, em imagem de 202. Foto: Julie Ricard (Unsplash)
A guerra na Ucrânia se aproxima da quarta semana e apesar de ter ganhado grande notoriedade devido a importância do embate para o ocidente e para as maiores economias do planeta, há outras guerras no mundo e conflitos sangrentos que já duram anos.
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Diferente do território ucraniano, esses locais não recebem tanta atenção da mídia ou de países como os Estados Unidos, que já anunciaram o envio de mais de 1 bilhão de dólares para ajudar o país invadido pela Rússia.
Não há informações exatas sobre a quantidade de mortos no país, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de 2 milhões de ucranianos já deixaram o território do país em busca de asilo em outros locais.
Apesar de expressivo, o número é baixo em relação a outros apontados pela própria organização. No Iêmen, por exemplo, a guerra dura mais de uma década e foram confirmados mais de 233 mil mortos, além de 2,3 milhões de crianças em situação de desnutrição aguda. De acordo com a ONU, essa é a pior situação humanitária do mundo.
Outros locais que já foram foco da mídia, como o Afeganistão e a Síria, ainda hoje vivem situações de calamidade. O Afeganistão, por exemplo de acordo com a agência da ONU para refugiados, sofre com falta de necessidades básicas como moradia, alimentação e aquecimento no inverno.
Confira abaixo outras guerras além da Ucrânia:
Em agosto de 2021 o Talibã retomou o poder do país após 20 anos, gerando uma nova onda de crise econômica e social. O mês foi o mesmo em que os Estados Unidos anunciaram a retirada total de suas tropas após duas décadas de ocupação.
As tropas americanas foram enviadas ao país após os ataques de setembro de 2001. O Taleban foi apontado pelos norte-americanos como grupo que protegeu e abrigou a Al Qaeda, rede terrorista que cometeu os atentados.
Membros do grupo fundamentalista islâmico protagonizaram cenas que circularam nas redes sociais como o corte de cabeças de manequins femininos e a retirada de qualquer imagem de mulheres que estivessem nas ruas.
De acordo com o Relatório Acnur, agência da ONU voltada para refugiados, há cerca de 40 milhões de afegãos, metade da população, que sofrem com a falta de itens básicos. Outros 2,6 milhões são refugiados do país.
Outro conflito que já dura anos, a guerra na Síria teve início em 2011, quando a população deu início ao que seria a Primavera Árabe. Uma série de protestos inicialmente pacíficos pró-democracia e contra o presidente Bashar al-Assad tomaram as ruas das principais cidades sírias.
O conflito eclodiu em uma guerra civil que já deixou mais de 380 mil mortos e cerca de 200 mil pessoas desaparecidas. Estima-se, ainda, que mais de 2 milhões de pessoas sofreram algum tipo de ferimento e 11 milhões de sírios precisaram deixar suas casas. Países vizinhos como Líbano, Jordânia e Turquia foram o destino dos refugiados.
Atualmente, o conflito está em uma fase menos sangrenda, já que o presidente Assad conseguiu dominar grande parte do território do país, no entanto ainda há espaços de resistência onde grupos rebeldes mantém suas lutas.
Há anos o país vive tensões étnicas e políticas, com ares de guerra civil, principalmente após o golpe militar que aconteceu em fevereiro de 2021. Militares do Tatmadaw, como é chamado o exército do país, tomaram o poder após o presidente Aung Suu Kyi ser eleito em votação popular.
Grupos rebeldes incitam a desobediência civil e promovem protestos e greves que são duramente repreendidos. O país sofre ainda o problema das mílicias locais, que se denominam como “Forças de Defesa do Povo” e já promoveram ataques a militares e demais autoridades políticas.
Ao todo, a agência humanitária International Rescue Committee estimou que cerca de 10 mil pessoas foram mortas durante os conflitos em 2021 e 220 mil pessoas já tiveram que deixar suas casas. Outras 14 milhões precisam de algum tipo de ajuda, como alimentação e moradia.
Apesar de viver em situação de instabilidade há algum tempo, o ano de 2021 também foi marcado por uma forte onda de violência no Haiti, quando o presidente do país Jovenel Moise foi assassinado com 12 tiros no rosto. No ato, os assassinos ainda retiraram o olho do presidente e quebraram ossos do seu corpo.
O primeiro-ministro Ariel Henry foi quem assumiu o comando do país, mas tem sido contestado por diversos grupos. As eleições no Haiti foram combinadas para acontecer em 2022, mas ainda não há data marcada.
O principal problema do país são os grupos de mercenários e gangues que tem promovido cenas de violência como sequestros. Ao todo, o governo haitiano relatou que apenas em 2021 foram mais de 800 casos desse tipo de crime.
Além dos problemas civis, o país também sofre com catástrofes climáticas, como o terremoto que aconteceu em agosto de 2021 e matou mais de 2 mil pessoas, além de deixar outras milhares sem casa e meios de alimentação.
Considerado pela ONU como o pior desastre humanitário do mundo, a guerra no Iêmen já provocou 233 mil mortes, além de 4 milhões de pessoas desabrigadas, que precisaram fugir de suas casas. A agência estima, ainda, que cerca de 10 mil crianças morreram nos conflitos e mais de 70% da população precisa de alguma forma de assistência de alimentação ou moradia.
O conflito teve início na Revolução Iemenita, ocorrida em 2011, que fez parte da Primavera Árabe e tentou instaurar estabilidade democrática no país. O presidente da época Ali Abdullah Saleh chegou a entregar o cargo ao seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, mas grupos extremistas aproveitaram-se da fragilidade do novo governo para promover um movimento separatista no sul do país, incluindo ataques jihadistas.
Outros números também assustam: cerca de 5 milhões de pessoas estão em situação de quase fome e quase 50 mil já passam pela falta de alimentos. Mais de 2,3 milhões de crianças sofrem com desnutrição e quase 20 milhões de pessoas não têm acesso a procedimentos de saúde adequados. Os números são da ONU.
O conflito no país africano teve início em novembro de 2020 e tem como causa um conflito étnico entre diferentes partidos. O sistema político do país chama-se federalismo étnico e cada uma das dez regiões etíopes são controladas por etnias diferentes.
Em 2020, um partido político chamado de Frente de Libertação do Povo de Tigré, formado por pessoas desse grupo, realizou eleições que foram consideradas ilegais pelo primeiro ministro do país, Abiy Ahmed. Anteriormente, Ahmed havia recebido o Prêmio Nobel da Paz por conseguir encerrar disputas territoriais no país. Sua gestão, no entanto, foi tida por outros grupos étnicos como uma tentativa de centralizar o poder.
De acordo com a ONU, mais de 900 mil pessoas estão em situação de fome e 9 milhões de etíopes precisam de ajuda alimentar. Não há negociações em andamento e não existe previsão para que o conflito chegue ao fim.
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