Bilionário promete mudanças nas políticas de moderação e verificação de perfis, além de liberar o algoritmo da rede social.
por Suzana Souza em 26/04/22 11:22
Bilionário Elon Musk. Foto: Daniel Oberhaus (2018)
O bilionário sul-africano Elon Musk anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões de dólares e encheu de especulações os internautas que passaram a debater as mudanças que o empresário pretende fazer. Ele já sinalizou que deve atenuar a moderação de conteúdo da plataforma, promover alterações na verificação dos perfis e abrir o algoritmo da rede social.
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O valor negociado por ele foi bem acima do que foi pago em outras transações do mesmo tipo, como a compra do WhatsApp pelo Facebook, em 2014, que custou US$ 22 bilhões. Com a aquisição, Musk passa a ter o controle integral das operações da rede social e as ações do Twitter não serão mais negociadas na bolsa.
No pregão da segunda-feira (25), as ações da rede chegaram a valorizar mais de 9% e fecharam o dia com a média de crescimento de 6%. De acordo com o Twitter, a transação ainda precisa ser aprovada pelos acionistas e por órgãos regulatórios, mas há previsão que a operação seja concluída ainda em 2022.
Fundador da Tesla e da SpaceX, Elon Musk é o homem mais rico do mundo. Ele é bacharel em física e economia e se tornou conhecido pela criação da fabricante de carros elétricos Tesla, ainda em 2003.
Musk, que não era dono de nenhuma rede social, anunciou a proposta de comprar o Twitter no dia 14 de abril e desde a data especula-se qual a real intenção do bilionário em adquirir essa rede social. Ele já era o maior acionista da empresa, com uma participação de 9,2%. Também é usuário assíduo da rede e já havia dito cogitar a criação de uma nova rede social para promover a liberdade de expressão.
“Investi no Twitter porque acredito em seu potencial de ser a plataforma para a liberdade de expressão em todo o mundo, e acredito que a liberdade de expressão é um imperativo social para uma democracia em funcionamento”, disse ao comunicar a compra.
“Quero tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a confiança, derrotando “bots” (robôs) de spam e autenticando todos os humanos”, afirmou, ainda, o bilionário.
De acordo com o Twitter, a rede social contava com 217 milhões de usuários até o último trimestre de 2021. Esse número refere-se a usuários diários e monetizáveis, ou seja, contas aptas a visualizarem anúncios ou adquirirem produtos pagos.
Atualmente, o presidente-executivo da empresa é Parag Agrawal, que assumiu o posto em novembro de 2021 e sucedeu um dos fundadores da rede social, Jack Dorsey. Além do presidente, a organização atual da empresa conta com um Conselho de Administração formado por 11 pessoas. Ainda não se sabe como será o esquema da empresa quando Musk assumir.
Abaixo, confira os principais pontos que Musk prometeu mudar na rede social e quais os impactos para os usuários:
Em constante debate, a moderação dos conteúdos postados em redes sociais são polêmicas e dependem não apenas de decisões privadas, como de políticas públicas.
Para Musk, a moderação atual realizada pelas redes briga com a “liberdade de expressão”. Em um dos casos recentes mais emblemáticos, o ex-presidente norte-americano Donald Trump foi banido do Twitter e do Facebook por violar as políticas de publicação de notícias falsas.
Musk faz parte do grupo que acredita que banir usuários das redes não é a maneira certa de lidar com as violações. Em uma entrevista para o canal TED, ele declarou que “na dúvida, deixe o discurso, deixe que exista”.
De acordo com a avaliação do professor de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes Ciência e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado, “a redução da moderação deve tornar o ambiente no Twitter ainda mais agressivo e poluído – mas essas mudanças não devem ir muito longe, porque o Twitter perderia usuários, trazendo prejuízo econômico”.
No Brasil, há um Projeto de Lei em curso que trata especificamente da disseminação de fake news nas redes sociais. O requerimento de urgência para a chamada PL das Fake News foi rejeitado e ainda não há data para a votação na Câmara dos Deputados.
Há regras e parâmetros específicos para a verificação de perfis no Twitter, assim como em demais redes sociais como Instagram e Facebook. Em geral, as redes solicitam comprovações de empresas e figuras públicas, mas usuários “comuns” não conseguem solicitar a verificação.
A ideia de Musk é modificar esse conceito e passar a utilizar o selo para diferenciar os perfis comandados por pessoas reais e aqueles atrelados a boots e robôs, que propagam mensagens automáticas, replicam fake news e disseminam discursos de ódio.
“O controle do nome real dos usuários vai dar mais meios de combater os bots, as contas automatizadas -um problema crônico da plataforma”, declarou o professor Ortellado.
Os algoritmos são os mecanismos que ditam as redes sociais. É a partir deles que cada usuário recebe uma curadoria específica de conteúdos, que dialogam com os gostos, interesses e potenciais necessidades dos usuários. Redes sociais como Instagram, Facebook, TikTok e o próprio Twitter nunca revelaram como funcionam seus algoritmos, apesar desses já terem sido alvos de crítica.
Musk promete fazer o que nenhuma outra rede social fez: abrir para o público o algoritmo, para que os usuários saibam quais são os caminhos de curadoria dos posts que recebem. No entanto, ainda não se sabe como isso seria feito, já que essa é uma ferramenta fundamental para a manutenção das redes, tida como segredo industrial.
“Se cumprir a promessa de dar transparência ao algoritmo de ordenamento dos tuites, Musk vai mudar completamente a indústria. Vai ser difícil os concorrentes – Facebook, Instagram, TikTok – manterem os algoritmos fechados alegando segredo industrial. Essa medida é muito bem vinda”, afirmou Ortello.
Abaixo, confira o episódio da segunda-feira (25) do MyNews Invest, que comentou sobre a notícia da venda do Twitter:
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