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CULTURA VIRTUAL

Como sobreviver a um cancelamento

Mais cedo ou mais tarde certas pessoas irão te acusar de algo que não apenas você discorde, mas provavelmente repudia.

por Aniello Olinto Guimarães Greco Junior em 29/04/22 12:13

Esclarecimento: este texto não se dedica as pessoas que propositalmente defendem posições ofensivas para atacar grupos. Se você acredita estar em uma guerra cultural, o cancelamento não é um acidente lamentável, mas um efeito colateral das batalhas que escolheu travar.

Um dia você irá falar ou fazer algo que ofenderá certos grupos. E estes grupos irão te cancelar. Somos humanos, conflitos são inevitáveis, bem como falhas. E mais cedo ou mais tarde certas pessoas irão te acusar de algo que não apenas você discorde, mas provavelmente repudia.

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Não é fácil ser chamado de racista, ou machista, ou homofóbico. Ou cristofóbico, comunista, pervertido, pedófilo. Mas acredite, um dia, mais cedo ou mais tarde, alguém irá te cancelar.

E nestes momentos nossos instintos jogam contra nós mesmos. As reações típicas as estes momentos costumam a piorar o debate, e aumentar o número de ofendidos. Então pretendo dar minha pequena sugestão de como reagir quando você for acusado daquilo que você odeia.

O primeiro passo é necessariamente para trás. É lamentar a situação. Não estou falando de desculpas, que poderão ser necessárias, mas de reconhecimento de que algo deu errado. Não analise o mérito da acusação, não explique sua declaração. Apenas lamente o conflito. Reconheça que uma ofensa aconteceu, e que o diálogo ficou envenenado.

Nossos instintos nos pede ou para nos desculpar para encerrar o conflito, ou responder como uma pessoa injustiçada, acusada erroneamente. Ambas reações podem sair pela culatra.

Se você sobe o tom e parte para o confronto, afirmando se sentir ofendido com a acusação, o resultado será óbvio. Trocas de acusações cada vez piores. Já um pedido de desculpas sem reflexão será visto como hipocrisia, fraqueza de caráter e covardia. Então deixe claro que lamenta que a situação tenha atingido este ponto, e ceda a palavra.

Foto: LoboStudioHamburg (Pixabay)

O segundo passo é dar voz ao ofendido. Lamente, e deixe o cancelador falar. Ele foi ofendido, e entender a razão da ofensa é essencial para tentar alguma forma de conciliação. Ceda o espaço. Escute com calma.

E escute os detalhes, além dos rótulos. Um erro comum nestas situações é pensar em absolutos. Aquele que esta te chamando de racista não está dizendo que você defende a escravidão. Aquele que esta te chamando de homofóbico não está dizendo que você espanca homossexuais. Aquele que te chama de comunista não está dizendo que você defende a execução de burgueses por fuzilamento. Pelo menos não na maioria das vezes .

Então reflita com calma. Algumas vezes sim, nós estamos defendendo uma posição sem entender todas as ramificações. As vezes temos preconceitos ou radicalismos irrefletidos, ou inconscientes. Reflita.

Somente depois desta reflexão que caberá o pedido de desculpas, caso você esteja convencido de haver cometido um erro. E se você percebeu o erro, e reconheceu ter cometido a ofensa, deixe claro isto nas desculpas. Não foi a pessoa que se sentiu ofendida. Foi você que ofendeu. Não foi erro de interpretação, no máximo erro de expressão de sua parte. E não, não use a moeda do “quem me conhece sabe”. Fale: eu errei. Se possível, proponha ou faça uma reparação. Um ato concreto fala mais alto que qualquer desculpa.

Se você não se convenceu de ter cometido um erro, não peça desculpas. E se prepare para a reação. Mas por favor, não ataque o cancelador. Lamente a situação, defenda seu ponto de vista com sinceridade e firmeza. Mas não ataque, não escale o conflito. Não se desculpar pode piorar a situação no curto prazo, mas manter a coerência e a consistência no mínimo auxiliará na confiabilidade das pessoas em você. E, quando alguma desculpa for necessária, ela terá peso dobrado.

Por fim, para evitar cancelamentos, aqui usei o termo comunista como uma acusação similar a racista ou machista, mas não por achar que seja similar, e, sim, por entender que alguns grupos usam o termo comunista como ofensa similar.

*As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews

Quem é Aniello Olinto Guimarães Greco Junior?

Servidor público concursado do Tribunal Superior do Trabalho, Aniello Greco passou tempo demais na universidade, sem obter diploma. Já fingiu ser jogador de xadrez, de poker, crítico de cinema, sommelier de cerveja. Sabe de quase tudo um pouco, e quase tudo mal.


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