Algumas prisões em São Paulo contam com canil para detentos cuidarem dos animais. Seria bacana se o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) fosse para um lugar assim, não seria?
por Emmanuel Falcão* em 06/05/22 11:16
Bino, o ex morador de rua ‘gato’ ‘pra cachorro’. Foto: Reprodução (Twitter)
Não é engraçado como os gatos sofrem nas metáforas, ditados populares, cantigas de infância?
Qual é, você deve conhecer pelo menos cinco. Vamos ver se a gente consegue lembrar juntos? ‘A curiosidade matou o gato’, ‘atirei o pau no gato, mas o gato, não morreu […]’, ‘à noite, todos os gatos são pardos’, ‘gato escaldado tem medo de água fria’, ‘um olho no peixe e outro no gato’.
Embora quase todos negativos, coassociando à morte felina, suspeitas e desconfianças, ou a uma unidade homogênea dos bichanos, há uma metáfora que se encara, no senso comum, como elogio, que é a relação de ‘beleza’ com ‘gato’ ou ‘gata’. Ou seja, ‘o morador de rua é um gato’. Como metáfora, funciona bem, se não fosse um detalhe, o morador de rua é um cachorro.
Eita! ‘Um cachorro’? como assim?
Cachorro também tem suas metáfora, ditados e cantigas de infância. Você, meu caro leitor, deve conhecer pelo menos cinco referências, certo? Estou te desafiando, hein?! Mas vamos lá, eu te ajudo, ‘cão’ no sentido de ‘demônio’, como ‘aquele menino tem o cão no corpo’; ‘cão chupando manga’; ‘matando cachorro a grito’; ou ‘cachorro’ no sentido pejorativo, do predador sexual, ‘ele é um cachorrão’.
Pois bem, o ex-morador de rua, de fato, era um ‘gato’, e sendo ‘gato’, conseguiu quem lhe acolhesse. Com uma mão na direção e outra no carinho, o ex-morador de rua conseguiu afagos, só que no fundo, desde o começo, esse ex morador de rua era um cachorrão. E claro que eu falo do Bino, o ex morador de rua, que agora divide o programa dirigido por Victor Camejo, o ‘Jornal de Casa’.
Bino, com certeza, atrai olhares e distrai o foco de boa parte da audiência do ‘Jornal de Casa’, que é uma espécie de ‘Greg News’ de menor orçamento e frequência. Piadas do próprio Camejo. Esse belo ex-morador de rua, vez ou outra, é citado como piada, em alguns dos episódios do programa e, talvez, só esteja na casa de Victor Camejo, porque ele sabe que existem mendigos gente boa, devido a alta convivência com o Murilo Couto (desculpa Murilo, mas todo mundo faz essa piada).
Bino foi adotado por Victor Camejo, que na cara dura, quando atrasa a programação do ‘Jornal de Casa’, usa o cachorrinho como desculpa. A desculpa mais velha e batida que já foi elaborada.
Tá, estou pesando a mão. Não é assim também. Victor Camejo deixa seus seguidores sempre por dentro de como anda a saúde do Bino, e em um dos atrasos do programa, o motivo real, foi que Bino estava doente. Tanto que, Bino hoje, é banguelinho.
Mas já parou pra pensar como é fácil usar o cachorro como desculpa para alguma coisa? Esses dias, um cara forte pra burro, disse que sua tornozeleira eletrônica não podia ser recarregada porque seu cachorro roeu o carregador. Falo de Daniel Silveira em depoimento oficial a Policia Federal, no dia 16 de julho de 2021. Tá, tudo bem, vamos dar outra chance para o fato dele não carregar a tornozeleira eletrônica, que tal o argumento da defesa dele, que alegou no dia 4 de abril de 2022, que a tornozeleira eletrônica criou vida própria?
Daniel Silveira, entre várias falas polêmicas, foi aquele que sugeriu dar uma surra de gato morto, até ele miar, em um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bom, pelo menos Daniel Silveira não ficará na rua, terá um condomínio fechado para habitar, conforme maioria de votos do STF em julgamento no dia 20 de abril deste ano. Bino sabe o quão ruim é ser morador de rua, e a comunidade precisa saber, que moradores de rua e mendigos, também possuem animais sob suas tutelas.
Que sonho seria haver politicas públicas mais eficientes que dessem conta de esperançar a comunidade em casos como esse. Morosidade, ineficiência de rigor e fiscalização, quantos percalços existem para que a situação, em muitos casos, sequer tenha chances de enxergar uma luz no final do túnel?
Um iniciativa que vem deixando muitas pessoas mais felizes que abano de rabo de cachorro na hora do almoço, é que algumas prisões, em São Paulo, ganharam canil para que detentos pudessem cuidar de animais que estavam abandonados nas ruas.
Eu adoraria que Daniel Silveira conseguisse ir para uma prisão que acolhesse cachorros abandonados. Embora tenha um passado de choro de abandono, seja muito submisso a quem pensa ser seu dono, possa ter aparência de estados de agressividade, quando no fundo, é apenas acovardamento e medo, com um pouco de educação e reabilitação, pode se tornar um ser melhor. E isso vale para o cachorro abandonado também.
*As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews
Quem é Emmanuel Falcão?
Ele é professor, paraibano e protetor dos animais.
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