Por que a XP não quis mostrar sua última pesquisa eleitoral em parceria com o Ipespe? Esta pergunta está tomando mais tempo do mercado do que os cálculos de juros.
Em 13/06/22 08:50
por Mara Luquet
Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.
Por que a XP não quis mostrar sua última pesquisa eleitoral em parceria com o Ipespe?
Esta pergunta está tomando mais tempo do mercado do que os cálculos de juros. Afinal, já há um consenso de que o aperto monetário vai além do que era esperado incialmente.
Assim, a especulação corre solta sobre as pesquisas eleitorais.
Uma teoria surgiu amparada nos resultados das duas pesquisas mais recentes, uma da Genial/Quaest e outra do BTG/FSB (veja as tabelas comparativas aqui)
Os dados por região mostram que nessas duas pesquisas Lula abre vantagem em relação à pesquisa anterior dos mesmos institutos. No caso GENIAL/QUAEST a virada do Lula é na região sul (surpresa que havia aparecido no DATAFOLHA). Em entrevista ao MyNews Eleições o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, comentou sobre esta retomada de Lula no Estado, veja o video da entrevista abaixo.
No caso da pesquisa do BTG/FSB a virada acontece nas regiões norte e centro oeste.
Quem se dedicou a estudar as últimas pesquisas acredita que a pesquisa do IPESPE iria corroborar essas viradas regionais, deixando claro uma tendência. Ao perceber isso a XP pode ter optado por não “assumir” a tendência.
Vale lembrar, que dois ou três meses atrás já tinha saído uma notícia sobre um racha interno na XP com a divulgação de pesquisas dando vantagem para Lula.
Antônio Lavareda, do Ipespe, em entrevista recente diz que a XP não conhecia o resultado da pesquisa cuja divulgação foi suspensa.
Mas o mercado não está tão certo assim.
Bem, mas o que se convencionou chamar de mercado? E por que seu interesse nas pesquisas?
Corretoras e bancos encomendam as pesquisas para saber para que lado o vento sopra e se preparar. E por que divulgam? Para prestar um serviço aos clientes. Ocorre que nas últimas pesquisas os clientes estão cada vez mais reclamando dos resultados.
Todo mundo usa essa expressão, o mercado em alta, o mercado em baixa, o mercado está nervoso, o mercado reagiu com alta, com baixa. Mas afinal que é o mercado?
É muito simples. O mercado é um conjunto de homens e mulheres que são pagos para ganhar dinheiro.
São pagos para ganhar dinheiro para outros, que é basicamente a administração de recursos de terceiros, como os gestores de fundos de investimentos, por exemplo, ou fundos de pensão.
Ou são pagos para ganhar dinheiro numa tesouraria, que também é chamado de recursos próprios, de uma empresa, de um banco.
Qual é o comportamento desses homens e dessas mulheres? 90% dessas pessoas segundo o espectro político é de direita.
Então quando chega na época eleitoral é muito natural que as simpatias se dirijam, no espectro político, para os candidatos que estão mais à direita, de centro direita.
Propriedade privada é sagrada, não se pode romper contratos, não se pode tributar fortunas, o estado deve ter um peso reduzido na economia.
Mas ocorre um fenômeno. Esse mercado no qual esses homens e essas mulheres trabalham é estupidamente competitivo, concorrencial, em que sentido? Todos têm um algoz. O algoz se chama ranking de fundos, de carteiras.
E diz o seguinte: se você não é bom o suficiente para estar entre os primeiros simplesmente é mediocre, mesmo que seu resultado tenha batido a média do mercado.
Por isso, o mercado quer informações o quanto antes para se posicionar com vantagens frente a seus concorrentes.
O que isso significa em termos comportamentais? Significa que esse mercado tem um viès ideológico sim, e aqui não estamos fazendo nenhum juízo de valor, mas ele tem uma dinâmica concorrencial que diz: eu tenho que ganhar dinheiro, independentemente da minha preferência ideológica.
Foi assim, por exemplo, na primeira eleição de Lula. Em quem o mercado votou em 2002, maciçamente, não 100%, mas a grande maioria? No Serra. Mas quem ganha? O Lula. Momentos de indefinição e o Ibovespa chega a bater 8.300 pontos.
Quem é o primeiro nome que o Lula anuncia? Meirelles para o Banco Central.
Nas mesas de câmbio, juros e bolsa ninguém acreditava. Um olhava para o outro e se perguntavam: o Meirelles? E o Meirelles aceitou? E vai assumir? de 8.300 pontos a Bolsa vai a 11 mil pontos. E continua subindo nos cinco anos seguintes.
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