A espera pela banda inglesa Muse valeu cada minuto. A nova música de trabalho “Will of the people” abriu o show em tom frenético e com os integrantes mascarados.
por João Lazera em 19/06/22 15:46
Muse encerrou a primeira noite no Rock in Rio Lisboa. Foto: Divulgação
A abertura do Rock in Rio Lisboa 2022 reservava no lineup de seu palco principal nomes pesados da música como Liam Gallagher e Muse, mas também uma das queridinhas da cena indie, a banda americana “The National”.
Quem foi ao palco Mundo não se decepcionou.
A atmosfera do festival obedeceu a uma crescente a partir da apresentação de Liam Gallagher que, apesar de separado do irmão Noel, fez bom uso do consagrado acervo do Oasis para construir a sua apresentação, aproveitando a potência dos hits “Hello” e “Rock n’ Roll Star”, variando com músicas de sua carreira solo.
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Ainda sob sol forte, conseguiu de forma competente dosar o ânimo do público. Em certo momento, testou o carinho da plateia ao reconhecer a sua falta de intimidade com o idioma e, na sequência, prestando reverência ao público português ao mencionar seu amor pelos lusos Bernardo Silva e Ruben Dias, jogadores do seu time de coração e atual campeão inglês Manchester City, dedicatória que foi emendada com “Better Days”.
Quando sentiu a queda da empolgação da plateia, deu nova carga no arsenal do Oasis e entoou “Slide Away”, elevando a temperatura do concerto.
O auge veio com a já clássica “Wonderwall”, na qual foi acompanhado em coro pelo público presente, que o ajudou a fechar a conta com “Cigarretes & Alcohol”.
Na sequência de Gallagher, a sensação era de que a banda The National entregaria algo mais ameno naquele começo de noite, como que um bom interlúdio para o show de Muse. A entrega da banda, materializada na atuação performática de seu vocalista – Matt Berninger, e no vasto repertório, cativou o público e trouxe ainda mais gente para perto do palco.
Faixas como “I Need My Girl” e “This is the Last Time”, do album “Trouble will find me”, que são músicas profundas e intimistas, aparentemente talhadas para os teatros, funcionaram perfeitamente no festival. Era palpável a emoção multiplicada pelas milhares de vozes, que se avolumavam nas muitas vezes em que Matt descia do palco, como que para sentir aquilo mais de perto. Outro ponto alto foi quando executaram “Mr. November”, faixa do álbum “Alligator” que, ainda que mantenha a pegada romântica, tem uma atuação marcante da bateria de Bryan Devendorf ao lado do impecável vocal, dessa vez mais pronunciado, de Matt Berninger.
Sendo o menos mainstream dos shows do palco Mundo no dia da abertura, The National fez uma grande apresentação e, certamente, angariou um lugar especial no coração de quem não era tão íntimo da produção da banda.
O último e mais aguardado show era da banda inglesa Muse. E ele valeu cada minuto. Iniciado em tom frenético e com os integrantes mascarados, a nova música de trabalho “Will of the people” – que dá nome ao álbum mais recente, trouxe um peso ainda inédito no dia, entregando doses cavalares tanto de qualidade de som, quanto de presença de palco. Nem os problemas técnicos ocorridos durante a execução de “Interlude” foram capazes de diminuir o ritmo da apresentação, que manteve o sarrafo alto ao trazer riffs icônicos de “Back in Black”, do AC/DC, e de “Know your Enemy”, do Rage Against de Machine em “Hysteria”, já debaixo de chuva.
O guitarrista e vocalista Matthew Bellamy, por sinal, estava em uma grande noite. Mostrou a habilidade que lhe é peculiar e, como o capitão do time, tudo passou por ele e pela potência da sua apresentação: riffs nervosos e a voz marcante.
A escolha de repertório foi mais um ponto a favor: apostou em músicas fortes que dão um panorama da trajetória da banda como “Supermassive Black Hole”, “Madness” e “Uprising”, sabendo, cuidadosamente, enxertar referências famosas de músicas do Slipknot (“Duality”) e do Rage Against the Machine – que voltou a ser homenageado mais adiante, quando a banda executou “Stockholm Syndrome” (riffs de “Township Rebellion” e “Calm Like a Bomb”).
O fechamento do show é outro ponto alto, na medida em que parece acelerar na reta final de uma montanha-russa ao interagir com o público em “Starlight” ou com Murph, the robot em “Kill or be Killed” – mais uma faixa nova (uma pedrada, diga-se), para encerrar, de forma apoteótica, com o clássico “Knights of Cydonia”.
É difícil comparar edições e festivais sem esbarrar em escalas ou sem melindrar preferências, mas o fato é que, a julgar pela primeira noite do Rock in Rio Lisboa 2022, o festival veio para recuperar o tempo perdido e fazer história.
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