Presidente de Portugal minimiza almoço cancelado por Bolsonaro

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, não demonstrou preocupação com a decisão de Jair Bolsonaro de cancelar o almoço em que os dois chefes de estado se encontratiam. Pelo contrátio, o português minimizou a decisão do brasileiro: “Ninguém morre, não há drama”.

No aeroporto de Lisboa, antes de embarcar para o Brasil, Rebelo de sousa conversou com jornalistas sobre o desconvite de Bolsonaro. “Nós, em Portugal temos uma frase: ninguém deve fazer-se de convidado nem para boda, nem para batizado (…) .Eu respeito que quem convida deixe de convidar, pelas razões que queira. Pode ser doença, pode ser inoportunidade pessoal, pode ser inoportunidade política. Não é um drama”, afimou.

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O presidente de Portugal fez questão de repetir que o almoço teria sido uma insistência de Bolsonaro. Ele explicou que não tinha a intenção de ir até Brasília, que atrapalharia a logística da viagem, mas que o presidente brasileiro teria insistido e, inclusive, colocado uma aeronave da Força Aérea Brasileira à disposição. Ainda assim, a comitiva, segundo Marcelo, teria um problema de transporte, “a saída [para Portugal] teria depois de ser por outra grande cidade brasileira, provavelmente o Recife”.

No Brasil, o presidente português deve ficar em São Paulo para se encontrar com três ex-presidentes, Lula, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, embora o encontro com FHC ainda não esteja confirmado. Segundo Rebelo de Sousa, a viagem foi pensada para estreitar laços com a comunidade de língua portuguesa e, principalmente, pela grande comunidade brasileira que se estabaleceu em Portugal nos últimos anos. Marcelo pretende  assinalar os cem anos da travessia do Atlântico, além e participar na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que este ano faz uma homenagem à Portugal.

Antes que a presidência portuguesa fosse informada do cancelamento, Jair Bolsonaro falou sobre o assunto à CNN Brasil. O presidente brasileiro disse que resolveu “cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação” e foi enfático sobre o motivo, o encontro do presidente de Portugal com Lula.

Para o cientista político Creomar de Souza, da Dharma Political Risk and Strategy, a decisão foi mais um aceno para a base bolsonarista:

“Eu não tenho detalhes sobre os arranjos que envolveram a preparação do encontro. Mas, pode ter sido visto como uma oportunidade de reforço de contraste entre Lula e Bolsonaro. Você cancela e manda a mensagem aos seus de que não vai de misturar. O problema é o reforço de uma mensagem de apartação, mas, talvez a militância queira isso. Afinal, os tempos estão realmente complicados em termos de posicionamentos cada vez mais extremados.”

O encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Inácio Lula da Silva deve acontecer neste domingo (2) pela manhã, na residência oficial do Cônsul-Geral de São Paulo.

No ano passado, no mês de julho, o presidente de Portugal esteve no Brasil para participar da reinauguração do Museu da Língua Portuguesa. Na ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa esteve com os três ex presidentes brasileiros antes de ser recebido por Jair Bolsonaro em Brasília.