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POLÍTICA

Aliança pela economia isola a extrema-direita

Bolsonaro ficou preso à pauta ideológica e Lula controla reforma ministerial por aliança ao centro

Em 10/07/23 14:51
por Política com Bosco

João Bosco Rabello traz uma bagagem acumulada em mais de 45 anos de profissão, em grandes veículos nacionais como O Globo e O Estado de S.Paulo. Sua coluna, agora no MyNews, traz insights valiosos e análises aprofundadas do cenário político direto de Brasília para os leitores.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A aprovação da reforma tributária e do voto de qualidade no Carf, mais o arcabouço fiscal em fase final, mostram que o governo Lula começou antes de sua posse com a PEC da Transição e fechou com o tripé que devolve estabilidade à economia.

Mais que isso, a escolha da economia para a etapa iniciada no governo de transição foi decisiva para escantear a pauta ideológica e, assim, isolar os extremos, principalmente o bolsonarismo. Maior que o PT, Lula impediu que o partido caísse nessa cilada.

Bolsonaro, por sua vez, foi vítima de sua obsessão e se enfornou na corda esticada pelo adversário que combinou negociações objetivas no contexto econômico com falas ideológicas para mantê-lo preso à polarização. O ex-presidente não estava atento quando Lula mostrou indiferença a sua condenação à inelegibilidade.

Na reunião do PL em que pretendeu orientar a votação do partido contra a reforma tributária o ex-presidente despiu-se definitivamente da aura de poder que ainda o mantinha como uma possível liderança da direita e isolou-se no extremo, de onde não mais sairá.

Lula, enfim, deu o passo ao centro e à direita inaugurando a etapa da aliança pela qual foi intensamente cobrado desde a eleição em outubro. Conduziu o governo nessa direção desde que elegeu Arthur Lira para a primeira visita após a vitória e fez do Senado sua trincheira para conter a intensidade do presidente da Câmara, reeleito com apoio do PT.

Isso difere a entrada do Centrão neste governo da que a caracterizou no anterior. Bolsonaro se rendeu ao Centrão, entregou o governo e dedicou-se à campanha pela reeleição sob a pauta ideológica. Ciro Nogueira assumiu o coração do governo ao sentar-se na cadeira do ministro da Casa Civil, de onde só saiu a dois dias da posse de Lula.

O presidente administrou a liberação de emendas, delimitou as fronteiras do espaço ministerial a ser cedido nas negociações e, pelo menos por ora, mantém a integridade territorial da estrutura governamental. Saúde, Educação e as pastas de seu entorno no Palácio do Planalto permanecem sob controle seu.

De imediato, as mudanças deverão ocorrer nos ministérios da Agricultura, Esportes e Turismo – este incluindo a Embratur hoje dirigida pelo deputado Marcelo Freixo. O União Brasil quer o ministério com a Embratur porque os recursos estão nela. Com Daniela do Waguinho a convivência com Freixo parecia possível, mas o mesmo não ocorrerá com Celso Sabino já indicado para sucedê-la.

A agricultura entra no pacote porque a bancada do agronegócio está insatisfeita com Fávaro, apesar de ser um dos seus. Muitas queixas se acumularam contra ele e pode-se dizer que o “fogo amigo” tem no momento de mudanças uma oportunidade de acertar as contas com seu associado. A exigência teria sido feita para o apoio da bancada à aprovação do Carf.

A ministra Ana Mozer, por discrição ou inexperiência política não deu visibilidade e marca à sua gestão até aqui. Abriu assim a porta para a sua exoneração em favor do Republicanos, de Marco Pereira, vice-presidente da Câmara e candidato à sucessão de Lira. Os recursos e os programas são caros aos evangélicos pelos dividendos políticos que rendem, principalmente entre a juventude.

A especulação em torno do Ministério do Desenvolvimento Social, comandada pelo piauiense Wellington Dias, ex-governador e aliado próximo de Lula, a quem garantiu a vitória no seu Estado, deve ser vista com cuidado e uma boa dose de ceticismo.

Parece mais “fogo amigo” que algo palpável. É no MDS que repousa o programa mais caro e mais identificado com o PT – o bolsa-família, coração da legenda como a definiu a primeira-dama Janja.

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