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‘Esquerdomachos querem ser eleitos para ficar nesse lugar de privilégio, no centro do mundo’, diz Márcia Tiburi ao MyNews

Para filósofa e escritora, a esquerda tradicional está ruindo por ser antiquada e cansativa, e grupos que defendem pautas do interesse das minorias, como o MST, deveriam ter mais espaço na política

por Sofia Pilagallo em 17/07/24 15:39

Márcia Tiburi concede entrevista ao MyNews | Foto: Reprodução/MyNews

Os “esquerdomachos” querem ser eleitos para se manter nesse lugar de privilégio, no centro do mundo, afirmou a filósofa e escritora Márcia Tiburi em entrevista ao MyNews. O privilégio, nesse caso, não se resumiria a ter poder e dinheiro, mas sim ocupar uma posição em que são adorados, bem tratados e servidos pelas mulheres. Para ela, esses homens, assim como outros, são narcisistas e precisam ter o ego amaciado para se sentirem validados.

“Esquerdomachos funcionam por narcisismo, assim como os direitomachos. Eles querem ser eleitos para se manter nesse lugar de privilégio. E não é só o privilégio de ter poder e dinheiro, é o privilégio de ficar no centro do mundo, sendo adorado, bem tratado, tendo aquela mulher que vem servir o cafezinho e fazer massagem nos pés”, diz. “Isso faz parte da formação subjetiva dos homens, é um lugar especial que eles continuam querendo ter.”

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Na visão de Márcia, a esquerda tradicional, “dos esquerdomachos”, está ruindo por ser antiquada e cansativa. Por isso, pessoas identificadas com o progressismo deveriam se preocupar em “criar uma base mais profunda para a democracia no Brasil”, com o fortalecimento de grupos que defendam pautas do interesse das minorias, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Atualmente, Márcia acredita que a esquerda carece de grandes líderes. A exceção é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o único político capaz de derrotar a extrema direita em uma eleição. Outros nomes do partido, como o ministro Fernando Haddad, são capacitados, mas não tem o mesmo estofo político.

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“As pessoas amam o Lula porque é um paizão, um cara simples, amoroso, fácil de entender. O Haddad é um excelente político, uma excelente pessoa, mas ele não tem isso. O Lula é evidentemente um homem do povo. Ele vem daquele lugar e sabe lidar com aquela gente”, ressalta Márcia, que é filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT).

A fala de Márcia ecoa o posicionamento do jornalista Ricardo Kotscho, que respondeu a perguntas de internautas no Pergunte ao Kotscho de segunda-feira (15). Na ocasião, ele afirmou que o PT falhou na formação de novas lideranças. Não por acaso Lula está em seu terceiro mandato e, ao que tudo indica, deve concorrer a um quarto mandato em 2026. Embora nunca tenha se filiado ao PT, Kotscho acompanhou de perto o surgimento do partido, em 1980, e disse acreditar que o a sigla “se afastou de suas origens”.

“Isso [o fato de Lula ser a única grande liderança do PT] não é bom. Mostra que o partido se afastou do PT das origens, que eu vi nascer nas comunidades de base do sindicato e dos movimentos populares”, lamentou Kotscho, acrescentando que o PT foi o único partido que surgiu “de baixo para cima”. “Normalmente, os partidos são formados pelas elites e para as elites. O PT foi o contrário, mas se afastou disso.”

Assista abaixo à entrevista da filósofa e escritora Márcia Tiburi ao MyNews:

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