Norma que regula sistema de apostas online no Brasil é ineficaz porque não acompanha as novas tecnologias utilizadas para instigar os usuários a apostar cada vez mais
por Camilla Lucena* em 26/09/24 19:09
Márcio Fortes e Dora Kramer participam do Não É Bem Assim desta semana | Foto: Reprodução/MyNews
A legislação que trata dos sistemas de apostas online no Brasil, também chamadas de “bets”, está totalmente defasada, avaliou o jornalista Márcio Fortes durante o programa Não é Bem Assim, do Canal MyNews, desta semana. Para ele, a legislação é ineficaz porque não acompanha as novas tecnologias utilizadas para instigar os usuários a apostar cada vez mais.
Atualmente, o sistema de apostas online é regulamentado no Brasil pela Lei 14.790/2023. Na terça-feira (24), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apresentou, no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação para declarar a inconstitucionalidade da norma.
Segundo a CNC, a Lei das Bets estaria “levando parte significativa da sociedade a um comportamento financeiro de altíssimo risco, e prejudicando consideravelmente a economia doméstica, o comércio varejista e o desenvolvimento social”. A lei “vem causando uma expansão desenfreada das apostas de quota fixa (bets) […], cuja prática reiterada poderá evoluir para um comportamento compulsivo por parte de alguns indivíduos.”
“Você aposta no seu smartphone, no seu telefone, você não precisa ir na loja para apostar, não precisa ir na casa de bingo para jogar”, afirmou o jornalista Márcio Fortes. “É uma ferramenta qualquer de captura da atenção da pessoa. Ganhando ou perdendo, você é levado a repetir a mesma experiência, e essa repetição não precisa ser no dia seguinte, pode ser 30 segundos depois. E como tem muita gente que ganha um pouquinho […] aquilo geral um vício.”
O Banco Central (BC), por meio de um estudo realizado por solicitação do Senador Omar José Abdel Aziz (PSD-AM), publicado nesta semana, divulgou dados alarmantes sobre o tamanho do mercado de jogos de azar e apostas online no país. De acordo com o levantamento, cerca de 24 milhões de pessoas se envolveram nesse tipo de atividade, tendo enviado pelo menos uma transferência via Pix para essas empresas entre janeiro e agosto de 2024.
Muitas dessas pessoas estão em situação de vulnerabilidade social. Só em agosto deste ano, cerca de 5 milhões de pessoas pertencentes à famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às empresas de aposta por meio do Pix.
O estudo traçou um perfil dos apostadores e chegou à conclusão de que a maioria tem entre 20 e 30 anos, mas que o valor médio mensal das transferências monetárias para as empresas aumenta conforme a idade. “Para os mais jovens, o valor gira em torno de R$ 100 por mês, enquanto para os mais velhos o valor ultrapassa R$ 3.000 por mês, de acordo com os dados de agosto de 2024”, escreveram os autores.
*Sob supervisão de Sofia Pilagallo
Comentários ( 0 )
ComentarEntre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR