Candidato do PRTB usou o receituário, datado de 19 de janeiro de 2021, para acusar o adversário de ter tido um surto psicótico por uso de cocaína
por Sofia Pilagallo em 06/10/24 14:33
Perícia conclui que laudo apresentado por Pablo Marçal (PRTB) contra Guilherme Boulos (PSOL) é falso | Foto: Wikipédia/Reprodução Instituto de Criminalística da Secretaria de Segurança Pública
Uma perícia técnica do Instituto de Criminalística de São Paulo, ao qual o MyNews teve acesso, concluiu que o laudo apresentado pelo candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) contra Guilherme Boulos (PSOL) é falso. Marçal usou o receituário, datado de 19 de janeiro de 2021, para acusar o adversário de ter tido um surto psicótico por uso de cocaína. Segundo escreveram os peritos, “é falsa a imagem de assinatura em nome do médico José Roberto de Souza (…) posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados”, como a “inclinação da escrita [grafia]”.
Outro aspecto chamou atenção dos especialistas: o RG atribuído a Boulos no laudo falso está com dois dígitos, e não com um só, “que é o padrão estabelecido para a Carteira de Identidade expedida pelo Governo do Estado de São Paulo”. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o crime de uso de documento falso e outras ilegalidades.
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Aline Garcia Souza, filha do médico José Roberto de Souza, que aparece no laudo usado por Marçal como o profissional que teria atendido Boulos após o suposto surto, se pronunciou sobre o caso. Ela afirmou que assinatura usada no documento é falsa e que o pai nunca trabalhou na clínica Mais Consultas, no bairro do Jabaquara, que consta no documento.
Em vídeo postado nas redes sociais, a oftalmologista Aline disse que o pai dela “jamais trabalhou” na clínica e chamou a situação de “absurda”. Ela tatuou a assinatura do pai após a morte dele e mostrou que é diferente da que está no laudo falso.
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Em live feita no Instagram na sexta-feira (4), quando Marçal divulgou o documento, Boulos afirmou que a equipe dele estava entrando com um pedido de prisão contra o adversário. A Justiça Eleitoral não acatou a solicitação, mas suspendeu as contas do candidato do PRTB nas redes sociais. Ele criou uma nova conta após a decisão judicial, que também foi retirada do ar.
A medida, direcionada ao Instagram, deve valer pelo prazo de 48 horas, segundo decisão do juiz Rodrigo Capez. Em caso de descumprimento, a empresa deve pagar uma multa de R$ 200 mil.
Caso “novas tentativas” sejam feitas, o prazo das contas permanecerem desativadas passa de dois para 15 dias, que podem ser prorrogados a cada violação. Em nota divulgada à imprensa, Marçal afirmou que a decisão foi “desproporcional” e “claramente política”, e que visa silenciá-lo e impedir que suas propostas cheguem aos eleitores.
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