Prisões de imponentes figuras do meio militar mostram que o extremismo bolsonarista vai, aos poucos, encontrando a resposta das instituições
Em 20/11/24 18:26
por Coluna do Prando
Rodrigo Augusto Prando é Mestre e Doutor em Sociologia, Professor universitário e pesquisador. Conselheiro do Instituto Não Aceito Corrupção, membro da Comissão Permanente de Estudos de Políticas e Mídias Sociais do Instituto dos Advogados de São Paulo e voluntário do Movimento Escoteiro.Textos essenciais de serem lidos para acompanhar e refletir sobre os movimentos da sociedade e do Poder.
Da esq. p/ dir: Mario Fernandes, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Wladimir Matos Soares | Fotos: Marcelo Camargo, da Agência Brasil/Reprodução/Reprodução/Reprodução/Reprodução
Uma operação da Polícia Federal (PF) mexeu no já polarizado ambiente político nacional, em ação que teve como alvo um general da reserva e militares membros de um grupo de elite do Exército, os chamados “kids pretos“.
Na terça-feira (19), a PF prendeu o general reformado Mário Fernandes; o policial federal Wladimir Matos Soares, responsável pela segurança de Lula; e Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, todos kids pretos. A investigação – ainda em andamento – vai desnudando não apenas a trama golpista, de não reconhecer o resultado das eleições de 2022 e a vitória da chapa Lula-Alckmin, mas assassinatos de autoridades.
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A “Petição 13.326 Distrito Federal”, cuja relatoria é do ministro Alexandre de Moraes, assevera que: “A investigação da Polícia Federal demonstra que as ações operacionais ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (FE) do Exército, com participação de General de Brigada da reserva, e com a finalidade, inicialmente, de monitoramento de Ministro deste SUPREMA CORTE, para a execução de sua prisão ilegal e possível assassinato e, posteriormente, com o planejamento dos homicídios do Presidente e Vice-Presidente eleitos — LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e GERALDO ALCKMIN —, com a finalidade de impedir a posse do governo legitimamente eleito e restringir o livre exercício da Democracia e do Poder judiciário brasileiro […]”.
O avanço das investigações indica que não havia, apenas, acampamentos defronte aos quartéis do Exército de militantes indignados com o resultado eleitoral. Não havia, apenas, indivíduos revoltados que, em janeiro de 2023, atacaram as sedes dos três Poderes em Brasília. Havia, segundo os fatos coligidos na investigação, uma organização efetiva buscando um golpe de Estado e, obviamente, o não reconhecimento da vitória de Lula e, mais ainda, com os assassinatos acima explicitados e a continuidade ilegal do Presidente Bolsonaro, derrotado eleitoralmente.
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As prisões, especialmente de um general, apresentam poderoso elemento simbólico, deixando assaz preocupados figuras como o general Braga Netto (na investigação tido como ciente do plano golpista e ainda cedendo sua residência para as reuniões), o ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid (que pode ter seu acordo de delação cancelado e voltar à prisão) e Bolsonaro que, supostamente, teria ciência das ações planejadas e, ainda, seria o principal beneficiado caso a intenção golpista chegasse ao seu termo.
Neste cenário, depreende-se que não apenas os executores dos ataques do 8 de janeiro e os financiadores foram – e são – alvos da PF, mas, também, os autores intelectuais. Houve até mesmo a preparação de um novo gabinete: o “gabinete institucional da crise” já renomeado para “gabinete do golpe”, cuja função seria a de ser uma resposta à morte de Lula e de Alexandre Moraes. Lula, por exemplo, poderia ser morto envenenado. Moraes, com artilharia pesada. E, não menos importante, os militares admitiam que poderia ocorrer danos colaterais, como a morte de seguranças e militares responsáveis pela proteção das referidas autoridades.
Não bastasse o ataque, na semana passada ao STF, e a morte do agressor que se explodiu; agora, prisões de imponentes figuras do meio militar. O extremismo bolsonarista vai, aos poucos, encontrando a resposta das instituições. E os democratas devem se lembrar: justiça não é vingança, e todos, na república, são iguais perante a lei.
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