Em entrevista à jornalista Mara Luquet, CEO do MyNews, Ronney Lustosa conta que já não são os comícios e as promessas que seduzem os eleitores
por Mara Luquet em 06/12/24 18:32
Em entrevista exclusiva para o MyNews, Ronei Lustosa, secretário de administração de Teresina, revela detalhes chocantes sobre a compra de votos | Foto: Reprodução/MyNews - 06/12/2024
Para se eleger, é preciso pagar cerca de R$ 300 por voto. Já foi menos, mas a inflação neste mercado está correndo solta. Como conta o secretário de administração Ronney Lustosa (União Brasil-PI), em entrevista ao MyNews, já não são os comícios e as promessas que seduzem os eleitores. Não só no Nordeste, mas por todo o país, o voto tem um valor. E, como em todo mercado em que a demanda está aquecida, o preço sobe.
Houve um tempo em que, para conquistar eleitores, era necessário mostrar serviço, nem que fosse favores como óculos, tratamento de dentes ou o asfalto na rua. Esse tempo ficou no passado — e, por mais críticas que tenhamos a essas práticas, elas hoje parecem lúdicas se comparadas ao arcabouço político atual.
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Lustosa relata que a nova geração de políticos está sancionando cada vez mais essa prática de compra de votos. O pagamento tem que ser em dinheiro vivo. Não se aceita pix. Afinal trata-se de um flagrante crime eleitoral e é melhor que não fiquem rastros.
“Os esquemas são muito profissionais, há planilhas, cadastros e a quebra é bem pequena”, explicou o secretário. “Ou seja, uma vez feito o pagamento, o eleitor vota como o combinado. Pagamento, aliás, que deve ser feito antes que ele vá até a urna eletrônica. A operação é toda construída por meio de planilhas a partir de lideranças políticas e suas áreas de influência.”
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Lustosa, que já foi vice prefeito de Teresina, afirma que esta mudança no arcabouço eleitoral tem afastado políticos e atraído grupos organizados economicamente, muitas vezes nada republicanos, mas com somas vultosas, que cada vez mais é o que está determinando a ocupação dos postos no legislativo e executivo por todo o país. Segundo ele, a última eleição foi a mais cara da história.
A situação chega ao ponto dos políticos que pagam por cada voto não sentirem necessidade sequer de fazer comícios, visitar eleitores ou prestarem contas depois de eleitos. “Nossa democracia está sob risco”, disse Lustosa.
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