Apesar de amplamente incorporadas ao dia a dia das pessoas, plataformas seguem sendo uma terra sem lei, onde irregularidades são ignoradas
por Camilla Lucena* em 17/12/24 20:15
Aplicativos de mensagem, internet, plataformas digitais, aplicativos, e-mail, redes sociais | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
É difícil imaginar hoje um mundo sem as redes sociais. Elas já existem há mais de uma década e, ao longo desses anos, foram amplamente incorporadas ao dia a dia das pessoas. Apesar disso, mesmo depois de tanto tempo, as redes seguem sendo uma terra sem lei, onde irregularidades são constantemente ignoradas.
Leia mais: Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, é condenado por gesto racista no Senado
Ao longo de 2024, os governos de vários países tomaram medidas para impor limites às redes sociais e responsabilizá-las pelos conteúdos publicados nas plataformas. No Brasil, por exemplo, em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou o bloqueio do funcionamento do X (antigo Twitter) pelo desrespeito da plataforma às normas locais. Mais recentemente, o STF julgou quatro processos que tramitavam no órgão sobre o Marco Civil da Internet e a responsabilização das plataformas.
Veja a seguir os países que tomaram medidas em 2024 para impor limites às redes sociais:
Nesta terça-feira (17), a Comissão Europeia anunciou que abriu um processo formal contra o TikTok por suposta interferência nas eleições romenas.
Veja mais: Saiba como a tecnologia e o ChatGPT estão transformando o jornalismo
De acordo com a Comissão, a rede social chinesa não avaliou a divulgação de anúncios políticos pelos sistemas de recomendação da plataforma nem limitou os riscos de manipulação relacionados aos conteúdos pagos. Para a presidente da Comissão, Úrsula von der Leyen, o TikTok violou a Lei de Serviços Digitais do bloco, que regulamenta como as empresas de mídia social devem operar na Europa.
A Comissão de Proteção de Dados (DPC, na sigla em inglês) multou, também nesta terça-feira (17), a empresa Meta em € 251 milhões (cerca de R$ 160 milhões) por violação de segurança do Facebook em 2018.
À época, a empresa norte-americana notificou a Comissão de que hackers haviam se aproveitado de uma vulnerabilidade no código do Facebook, levando à exposição de dados pessoais, como nome, contato, localização, local de trabalho e data de nascimento, de mais de 29 milhões de usuários.
Leia mais: Lula encaminha ao Senado 17 indicações para diretorias de nove agências reguladoras
Segundo o vice-comissário da DPC, Graham Doyle, a a vulnerabilidade que permitiu o acesso não autorizado às informações sensíveis dos perfis causou um “grave risco de uso indevido desses dados”.
Em novembro, o Senado australiano aprovou, com 34 votos favoráveis, uma lei histórica para proibir que menores de 16 anos tenham contas em seus nomes nas redes sociais. O país da Oceania se tornou o primeiro do mundo a incluir a medida em sua legislação.
No dia anterior, o projeto de lei já havia recebido o aval da Câmara dos Representantes, onde mais de 100 parlamentares votaram a favor da proibição.
Leia mais: Justiça bloqueia contas de 131 empresas ligadas ao golpe da CNH em São Paulo
De acordo com o texto, que tem prazo de um ano para entrar em vigor, as plataformas, como TikTok, Facebook, Snapchat, Reddit, X (antigo Twitter) e Instagram, poderão enfrentar multas de até US$ 30,9 milhões (mais de R$ 188 milhões na conversão atual) caso descumpram as novas determinações legais ou não adotem “medidas razoáveis” para impedir o acesso dos menores de idade.
Em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou o bloqueio do funcionamento do X (antigo Twitter) em todo território nacional. A decisão foi tomada após o bilionário Elon Musk, dono da plataforma, se recusar a retirar do ar perfis de investigados pela Corte por divulgação de conteúdo antidemocrático e anunciar o fechamento da sede da empresa no Brasil, deixando o X sem representante legal.
Leia mais: Análise: Ex-presidente Jair Bolsonaro fez das Forças Armadas uma extensão de seu governo
O funcionamento da rede ficou suspenso por cerca de 40 dias. O desbloqueio só foi determinado após a empresa indicar a advogada Rachel Oliveira Villa Nova como representante legal e pagar R$ 28,6 milhões em multas pelo descumprimento das decisões.
No final de novembro, o STF deu início ao julgamento de quatro processos que discutem a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, de 2014, e a responsabilidade das empresas que operam as redes sociais sobre o conteúdo compartilhado por seus usuários. Até 11 de dezembro, a Suprema Corte apresentava o placar de 2 votos a 0 para obrigar as plataformas a retirarem imediatamente conteúdos ilegais sem que haja a necessidade de decisão judicial prévia.
*Sob supervisão de Sofia Pilagallo
Comentários ( 0 )
ComentarEntre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR