Vídeo exclusivo mostra Léo Índio, primo dos filhos de Jair Bolsonaro, no 8 de janeiro de 2023; ele foi denunciado a partir de suas próprias postagens nas redes sociais e conversas de aplicativo, atacando a democracia, o STF e pregando intervenção das Forças Armadas
Em 22/01/25 17:12
por Coluna Evandro Éboli
Evandro Éboli, jornalista que completa 30 anos de cobertura em Brasília neste 2025. Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), passou pelas redações do O Globo, Folha de S.Paulo, Veja, Metrópoles, Correio Braziliense, Gazeta do Povo, Hoje em Dia e Tribuna da Tarde. Uma predileção inexorável por jornalismo de rua, presencial. Entre as áreas de cobertura preferenciais estão os direitos humanos, o varejo e bastidores do Congresso Nacional e apego ao registro em vídeo e foto das cenas geradoras de notícias.
Léo Índio no 8 de janeiro de 2023 | Imagens: Evandro Éboli
A denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República contra o Léo Índio tem 13 páginas, 250 linhas e uma riqueza de detalhes e minúcias nas acusações que comprometem o primo dos filhos de Jair Bolsonaro. No material enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) ele é acusado de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com uso de violência e grave ameaça e deterioração do patrimônio.
O parente dos Bolsonaro, que não tem o sobrenome famoso na sua identidade (Leonardo Rodrigo de Jesus é seu nome) é acusado ainda pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, de ter atuado de maneira consciente, livre e voluntária na ação que ficou caracterizada como uma tentativa de um golpe de Estado.
Leia mais: PF indicia ex-diretores da PRF por bloqueios nas eleições de 2022
A peça encaminhada por Gonet ao STF relembra que aquele movimento que eclodiu no 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, arregimentou, organizou e insuflou parte da população, “visando a prática de atos violentos e antidemocráticos. O movimento tinha por objetivo arregimentar, organizar e insuflar a população, visando à prática de atos violentos e antidemocráticos”.
Completou o PGR:
“A proclamação do resultado das urnas, em 30.11.2022 (a vitória de Lula), deu força ao movimento antidemocrático, atiçando a convocação, por meio de redes sociais, de um levante contra o Estado de Direito e o governo eleito. Os grupos iniciaram ações de fechamento de rodovias por todo o país e de instalação de acampamentos às portas de unidades militares, como, por exemplo, em Brasília. Os procedimentos se mostravam coordenados e articulados contra a democracia”, fez questão de registrar o procurador.
Léo Índio deixou muitas impressões de sua participação. Nas suas redes sociais, postou presença no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, principal concentração que pregava o golpe e palavras de ordem para impedir Lula de subir a rampa. Na mesma rede que amealhou centenas de seguidores, ele publicou sua presença no 8 de janeiro, com sua imagem na cúpula do Congresso Nacional, onde faixas pregando a “intervenção militar” eram exibidas em toda extensão dos prédios do Senado e da Câmara.
Vídeos mostram ainda o apoiador de Bolsonaro circulando pela Praça dos Três Poderes, em direção ao quebra-quebra do Palácio do Planalto, filmando, ou transmitindo, pelo celular os atos violentos de seus aliados políticos. Numa dessas imagens, exclusiva do Canal MyNews, Índio aparece caminhando com o aparelho celular em punho, registrando tudo, usando uma camisa verde, com inscrição da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Veja o vídeo.
Nas imagens monitoradas pela investigação, é identificada em uma de suas mãos uma cápsula de munição de gás lacrimogênio, “o que reforça sua participação nos atos violentos”, registrou o PGR.
A denúncia lista ainda vários grupos de WhatsApp que Léo Índio integrava, espaço onde se conspirava contra o vitorioso na eleição de 2022. Em 14 de novembro, na sua conta no Instagram, o parente dos Bolsonaro incitou novamente a prática de atos antidemocráticos ao afirmar: “Quer intimidar quem com esse papo furado, vire homem. As FFAA (Forças Armadas) já falaram que os atos não são antidemocráticos. Piadista? O GAME OVER (fim do jogo) está próximo. Aproveite seus últimos momentos de fama”, escreveu Léo Índio.
Numa conversa de “zap”, quando falava sobre o STF com seu interlocutor, disparou: “uma bomba cairia bem” ou “um raio dos céus”.
Na postagem que fez no dia 8 de janeiro de 2023, com a repercussão ruim de sua presença na tentativa de golpe, Léo Índio se defendeu: “Não sou a favor do vandalismo. O acampamento da direita estava instalada no QG há 70 dias, sem alterações. Por que iriam estragar tudo? Quem tem histórico de destruir patrimônio público é a esquerda. Focarão no vandalismo, certamente. Busquem os verdadeiros vândalos e também os covardes mascarados e fantasiados de patriotas”.
O Canal MyNews não obteve contato nem com a defesa nem com Léo Índio. E o espaço está aberto para qualquer manifestação.
Entre no grupo e fique por dentro das noticias!
Grupo do WhatsApp
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.
ACEITAR