Levantamento aponta ainda que reprovação ao presidente saltou de 37% para 45%
por Rodrigo Borges Delfim em 24/01/21 14:48
Atualizado às 18h43 de 22.jan.2021
A popularidade de Jair Bolsonaro (sem partido) segue mostrando sinais de declínio. Três pesquisas divulgadas ao longo da semana colocaram em números o tamanho dessa avaliação negativa.
A mais recente a apontar queda na avaliação do presidente foi a pesquisa Datafolha, divulgada na tarde desta sexta-feira (22). Bolsonaro é avaliado como ruim ou péssimo por 40% da população, contra 32% que assim o consideravam na rodada anterior da pesquisa, no começo de dezembro.
Já os entrevistados que acham que o presidente é bom ou ótimo caiu de 37% para 31%, enquanto outros 26% o consideram regular.
O Datafolha ouviu 2.300 pessoas em todo o Brasil, por telefone, nos dias 20 e 21 de janeiro.
Mais cedo, de acordo com a edição mais recente da pesquisa Exame/Ideia, divulgada nesta sexta-feira (22), a aprovação do presidente caiu de 37% no levantamento anterior para 26%.
O resultado ajuda a puxar para baixo ainda a opinião sobre o governo. De acordo com a Exame/Ideia, a reprovação saltou para 45%, contra 37% da pesquisa anterior, feita em 14 de janeiro.
Ao mesmo tempo, entre os que avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom houve recuo, de 38% em 14 de janeiro para 27% no atual levantamento. Entre os que avaliam o governo como ruim ou péssimo o índice subiu de 34% para 45%.
O levantamento foi realizado por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias 18 e 21 de janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Ainda na segunda-feira (18), uma terceira pesquisa já havia identificado tal tendência de queda. De acordo com a pesquisa XP/Ipespe, a reprovação a Bolsonaro alcançou 40%.
Os resultados das três pesquisas coincidem com uma piora na percepção da atuação de Bolsonaro para enfrentar a pandemia de Covid-19. O caos na saúde no Amazonas, somadas aos atropelos internos e diplomáticos quanto às vacinas ajudam a alavancar a reprovação ao presidente e seu governo.
“A dinâmica dos sérios problemas em Manaus junto a falta de perspectivas sobre um cronograma de vacinação e o fim do auxílio emergencial constituem os principais fatores que levam à queda de popularidade do presidente”, aponta Maurício Moura, fundador do Ideia.
O cientista político Fernando Abrucio vai na mesma linha e também credita a queda na popularidade de Bolsonaro à má condução do país em meio à pandemia e seus efeitos.
“Para a maior parte da população caiu a ficha de que a crise é muito maior do que percebiam. O ponto central disso foram as mortes por oxigênio em Manaus. E a percepção de que as vacinas são essenciais cresceu na cabeça da população”.
Abrucio, no entanto, acrescenta que a cobertura vacinal ainda é muito limitada e só deve ganhar escala ao longo do ano, o que deve continuar puxando para baixo essa popularidade. “Isso criou uma insatisfação na população e ela tende a continuar nos próximos meses”.
As seguidas crises e falhas na condução da resposta à pandemia de Covid-19 têm elevado a pressão sobre Jair Bolsonaro e colocam em debate um possível impeachment do atual presidente.
Quando questionado sobre o tema, Bolsonaro tem recorrido aos céus em suas respostas.
“Se Deus quiser, vou continuar o meu mandato, e, em 2022, o pessoal escolhe”, disse Bolsonaro a apoiadores na quarta-feira (20), diante do Palácio da Alvorada, a residência oficial presidencial.
Na última sexta-feira, (15) em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, Bolsonaro disse que “só Deus” o tira do Palácio do Planalto.
Em participação no programa Segunda Chamada, do MyNews, na última segunda-feira (18), a deputada estadual e ex-aliada Janaina Paschoal (PSL-SP) diz que vê “um caldo de cultura” se formar em torno de um processo de impeachment.
Esse “caldo de cultura” vem ganhando cada vez mais corpo. Ao todo já são 61 pedidos de impeachment contra Bolsonaro já protocolados na Câmara dos Deputados. Destes, nada menos que 54 deles foram feitos após o início da pandemia, em março de 2020.
Uma iniciativa intitulada Termômetro do Impeachment já mapeou 111 deputados federais que se manifestaram abertamente a favor do afastamento de Bolsonaro e 60 contrários. Há ainda 342 parlamentares que não se manifestaram sobre o tema, de acordo com atualização desta sexta.
Ao todo a Câmara dos Deputados conta com 513 parlamentares e são necessários ao menos 342 votos para que o processo de impeachment seja aberto e siga para o Senado, que dá o parecer final.
Presidência da Câmara
A baixa na popularidade de Bolsonaro traz um elemento a mais para a eleição que vai definir o próximo presidente da Câmara dos Deputados, que acontece no próximo dia 1º de fevereiro.
Ao todo são nove candidatos, sendo que os favoritos são: Arthur Lira (PP-AL), apoiado por Bolsonaro; e Baleia Rossi (MDB-SP), lançado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), que atualmente dirige a Casa e é considerado um desafeto do atual presidente.
“Se Baleia Rossi for eleito, haverá um processo de impeachment. Se Arthur Lira for eleito, ele vai tentar segurar o máximo e não sei se vai conseguir. Essa é a perspectiva no Congresso. Se a popularidade cair abaixo de 20%, se a crise econômica e sanitária piorar, e sobretudo se houver manifestações de rua crescentes, não sei nem se o Arthur Lira e seu grupo vão segurar o processo”, observa Abrucio.
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