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Portal da Transparência sai do ar após polêmicas com gastos de mercado

Os altos valores com a alimentação do poder Executivo aumentaram as críticas acerca da má administração fiscal

por Vitor Hugo Gonçalves em 27/01/21 14:20

Na noite desta terça-feira (26), o Portal da Transparência do Governo Federal, plataforma utilizada pela administração para prestar contas dos gastos públicos, saiu do ar, mantendo-se inacessível até a manhã de hoje (27). O ocorrido, consequência do alto número de acessos, foi verificado após a divulgação dos gastos exacerbados do Executivo com alimentos, que viralizaram nas redes.

As despesas alimentícias da gestão federal somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020, valor 20% mais alto do que o verificado em 2019. Foram destaques da lista de compras do poder Executivo os R$ 15 milhões gastos com leite condensado, R$ 2,2 milhões pagos em gomas de mascar, R$ 16,5 milhões em batata frita embalada e os R$ 32,7 milhões em pizzas e refrigerantes.

Tweet do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), autor da Lei de Acesso à Informação

A repercussão negativa chegou à oposição, que formalizou uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando a abertura de inquérito acerca das altas transações. Apontando lesão do princípio de moralidade administrativa, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) foram responsáveis por protocolar o documento.  

“Em meio a uma grave crise econômica e sanitária, o aumento de gastos é absolutamente preocupante, tanto pelo acréscimo de despesas como pelo caráter supérfluo de muitos dos gêneros alimentícios mencionados”, elucidou um trecho da representação.

Portal da Transparência do Governo Federal
Portal da Transparência do Governo Federal

Integrantes do PSOL, o deputado David Miranda (RJ) e as deputadas Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e Vivi Reis (PA) protocolaram uma ação que exige investigação por parte do procuradoria-geral da República, conduzida por Augusto Aras.

Tweet do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder do partido na Câmara

Base aliada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), defende que as despesas são indispensáveis para complementar o benefício alimentício dos servidores. Sem considerar o preço unitário dos itens – o leite condensado foi adquirido por R$ 162 a unidade (395 gramas) –, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, em uma série de publicações no Twitter, justificou que grande parcela do valor pago foi feito pelo Ministério da Defesa.

Sob a legenda “Está achando que as Forças Armadas alimentam bem seus homens? Aliste-se!”, a também deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) publicou um vídeo resguardando a imagem do chefe do Executivo – acusado pela mídia, segundo a parlamentar, de “comer, sozinho, não sei quantas latas de leite condensado”.

Seguindo a concepção de Carlos Bolsonaro, Zambelli citou o número de integrantes das Forças Armadas como argumento defensivo: “Todos os militares têm direito à alimentação. São mais de 370 mil militares no Brasil hoje, em mais de 1.600 organizações militares, e em todas essas bases existe alimentação”.

Relação custo-benefício

Algumas comparações nas redes demonstraram a imprudência federal com os gastos públicos – apesar do grande contingente que compõe o Executivo, as despesas acentuadas vão na contramão da fala de Bolsonaro, que afirmou, no início do mês, que o país está quebrado e ele não pode fazer nada.  

O montante pago pelo leite condensado, por exemplo, é 5 vezes maior que a verba disponibilizada para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) realizar o monitoramento via satélite de toda a Amazônia, Pantanal e demais regiões (cerca de R$ 3,2 milhões).

De acordo com a previsão orçamentária do Governo Federal para 2021, outorgada no Congresso, somente o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) terá 34% de redução na sua verba anual. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sofrerá com a queda de 8,3% dos seus recursos, contando com apenas R$ 22 milhões para o fomento à pesquisa – 18% do valor destinado em 2019.

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