Teste custará R$ 30, cinco vezes mais barato que os testes de farmácia
por Myrian Clark em 08/02/21 18:23
Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP trabalharam dia e noite para desenvolver em tempo recorde o Teste Popular de Covid-19. Esse é o nome de batismo do teste que é barato, rápido, mais preciso que os testes de farmácia e feito com tecnologia totalmente nacional. “Dentre outros objetivos, queríamos também tornar economicamente viável a testagem em massa”, conta Frank Crespilho, professor do IQSC e coordenador da pesquisa. A tecnologia também vai ser capaz de revelar se a pessoa que tomou uma dose de vacina já produziu anticorpos. Isso ajudará os médicos no acompanhamento de pacientes durante as imunizações. Outra vantagem do novo teste é que ele também identifica as novas variantes do coronavírus.
O Teste Popular de Covid-19 é feito a partir de uma gota de sangue retirada do paciente. A equipe de Crespilho já tinha uma larga experiência no desenvolvimento de dispositivos para diagnósticos e processos de identificação molecular. O desafio foi buscar insumos nacionais e chegar a um teste que demandasse menos reagentes. “Foram quatro meses de trabalho intenso. Utilizamos nanopartículas para a localização dos anticorpos. Essas nanopartículas têm uma molécula sonda, que fica vermelha quando entra em contato com algum anticorpo”, explica o professor, que é também coordenador da Rede MeDiCo, a Rede de Pesquisa em Covid-19 USP/Capes.
“Quando entramos na pandemia, o Brasil não estava preparado para fazer testes. Isso incomodou a mim e a minha equipe. Ficamos ainda mais incomodados quando descobrimos que os testes custavam R$ 140,00! Varamos noites trabalhando e valeu a pena, a esse preço de R$ 30,00 é possível fazer uma testagem em massa da população”, conta o professor, que é químico de formação e transita entre a biologia, a química e a física. Crespilho é doutor em Físico-Química pela USP, fez pós-doc no California Institute of Technology (CALTECH), Pasadena-EUA, e na Universidade de Harvard, Cambridge-EUA. Foi professor visitante do Instituto Max Planck, na Alemanha, e trabalhou durante um ano na universidade de Coimbra. O pesquisador contou para o MyNews que é diabético e sabe a importância do controle da glicose por meio da gotinha de sangue obtida a partir de um furinho no dedo.
A previsão é que dentro de dois meses os novos testes já estejam disponíveis para a população. A notícia do Teste Popular de Covid-19 causou um impacto grande no mercado de empresas comercializadoras de testes. Nesse momento, o grupo estuda a transferência de tecnologia da USP para a empresa que poderá fazer a exploração intelectual da descoberta e assim produzir o teste em escala industrial. A detentora dos direitos de produção obterá o registro do teste com a Anvisa. Várias empresas mostraram interesse no novo teste. O cuidado agora é para que ele seja produzido no Brasil. “Queremos que o nosso esforço beneficie a população brasileira. A política científica é importante e acho que agora a população brasileira está começando a perceber o valor da ciência”, finaliza Crespilho.
A pesquisa só foi possível graças ao financiamento da Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e da Capes, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Fazem parte da equipe de criação Isabela Mattioli, a doutoranda Karla Castro, do IQSC e Mona Oliveira, chefe científica da BioLinker, empresa parceira no estudo.
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