Carlos Zarattini: “É equivocada a ideia de que não vai ter influência política ou de algum setor econômico”

Para o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), o projeto de autonomia do Banco Central, que teve o texto-base aprovado pela Câmara dos Deputados, não isenta a instituição de sofrer com interferências políticas. Para ele, o órgão além de continuar sujeito a pressão partidária, ainda poderá sofrer com a influência do setor privado.

“Pelo nosso ponto de vista [o projeto] é um equívoco. Vai ter influência política. E pior: que será perpetuada para o mandato seguinte”, afirmou em entrevista ao Dinheiro Na Conta. 

Zarattini lembra que pelo texto, o presidente do Banco Central tem mandato fixo de quatro anos e assume no terceiro ano de mandato do presidente da República, permanecendo pelos dois primeiros anos do próximo mandato presidencial.

Para o deputado e parte da oposição, é importante que o Banco Central tenha política monetária e cambial que esteja de acordo com as outras políticas do governo. “Um governo que entra, vai ter maioria na diretoria do Banco Central só no terceiro ano. Isso pode criar um conflito”, explica. 

“Todos nós condenamos uma intromissão do presidente da República no BC. Mas o Banco Central tem que ter uma política harmônica com o governo”,  segundo  Zarattini.

Outra preocupação do parlamentar do Partido dos Trabalhadores é o risco de interferência do setor privado na política monetária. “Haverá interferência na nomeação ao BC e ao mesmo tempo o Banco não ficará isento de influência de setores econômicos, principalmente o mercado financeiro”, critica. 

Se não sofrer alterações, o texto aprovado pela Câmara dos Deputados segue para aprovação do presidente Jair Bolsonaro, que tem 15 dias para vetar ou sancionar as mudanças.