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Quando a realidade fica pior que a ficção

O show de Bolsonaro não tem como desligar ou pausar

por Beatriz Prates em 04/03/21 20:28

Esses dias passei por uma situação horrível assistindo a um episódio da série dos espiões russos “The Americans”. A cena era a seguinte: um dos agentes da KGB, infiltrado num laboratório americano de armas biológicas, é pego pelo FBI. Quando os investigadores se aproximam, ele quebra o frasco que contém o vírus. O local é isolado, ele é levado para um hospital, todo mundo de máscara. Tive que parar o episódio, levantar do sofá e procurar um lugar tranquilo para conseguir respirar porque, naquele momento, tive certeza de que estava com coronavírus e precisaria de um hospital. Não estava. Em poucos minutos me recuperei.

Não foi a primeira vez que aconteceu algo desse tipo comigo durante este longo ano de pandemia. Outra série que tive que parar no meio foi a “I may destroy you“. As situações tão reais de abuso e estupro combinadas com a realidade mundial e, ainda pior, a do nosso país, foram demais pra mim. Também deixei alguns livros de lado como, por exemplo, o clássico “Por quem os sinos dobram“. O relato detalhado do desalento da guerra civil espanhola e os absurdos dos confrontos começaram a pesar demais e não consegui mais acompanhar a história de Hemingway. Abandonei alguns livros de não-ficção como “A república das milícias – dos esquadrões da morte à era Bolsonaro” de Bruno Paes Manso. A realidade bateu na minha porta de uma forma brutal. Andar em Rio das Pedras pelas pernas e olhos do Bruno e entender a história de Fabrício Queiroz e Adriano da Nóbrega – e as relações deles com os Bolsonaro – me deixou com um pouco de pânico.

Aliás, taquicardia é o que me dá toda vez que vejo e leio os absurdos que o nosso presidente, depois de um ano de pandemia e mais de 257 mil mortos, continua dizendo. Uma das últimas foi a fake news das máscaras. Mas hoje, olhando para trás, percebo que venho sentindo isso desde as primeiras aglomerações que ele promoveu em março de 2020, ao lado do diretor da Anvisa, cumprimentando um por um os manifestantes presentes. 

Depois vieram os protestos semanais, sem máscara, contra o STF, a democracia… E só foi piorando. Tivemos “E daí?” com cinco mil mortos, as caixas de cloroquina que não funcionam, ministros da saúde saindo, Pazuello entrando, vacina que transforma em jacaré, falta de oxigênio em Manaus, mais cloroquina, insanidade atrás de insanidade. 

O show de Bolsonaro não tem como desligar ou pausar. A pandemia segue descontrolada pelo Brasil. A última semana foi de mais de mil mortes por dia, ontem com o triste recorde de 1726 perdas . Uma hora pode ser eu, você, nossa família, nossos amigos. Tantas pessoas perdendo a vida. Definitivamente não precisamos de ficção: a realidade tá de matar.

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