Uma sociedade que se pretende democrática precisa saber conviver neste cenário multipolar
por Zequinha Marinho em 13/03/21 10:52
Justamente no pior momento da pandemia do novo coronavírus, em que se faz urgente a união para encontrarmos juntos soluções viáveis para salvar vidas e acelerar o processo de imunização da população brasileira, o país se volta para a antecipação das eleições de 2022. Não que este seja um assunto menor ou menos importante, contudo, os problemas já postos demandam por demais de todos nós. Precisa-se buscar a luz no fim do túnel, cuidar do sistema de saúde colapsado e do drama diário de milhares de brasileiros que perdem os seus para essa terrível doença. É necessário lutar por aqueles que estão sem tubo de oxigênio para respirar e por aqueles que precisam do auxílio emergencial para comer. Enfim, são tantos desafios que me preocupa a discussão eleitoral numa hora dessas.
A inserção do nome do ex-presidente Lula nas pesquisas eleitorais não ajudará em nada, por exemplo, o seu João, lá no município de Senador José Porfírio. Esta cidade paraense se depara com um desafio seríssimo que até agora não foi resolvido. A regularização fundiária precisa ser enfrentada como forma de superar o engessamento provocado por uma política desastrosa que só nos trouxe conflitos na área rural. Potencialmente pujante, com uma força muito interessante para atração de investimentos na área florestal, o município está suscetível a um subdesenvolvimento crônico. Soma-se a isso, a pandemia, a retração econômica, a crise na saúde. Como discutir agora as eleições?
A meu ver, essa discussão extemporânea só vem para desnudar e apresentar os candidatos como realmente o são. É a esquerda popular, mostrando sua cara e com ela tudo aquilo que é defendido por esse espectro político. De outro lado, teremos a direita trabalhando suas bandeiras junto ao eleitorado, nesse Fla X Flu eleitoral. Há quem atribua à polarização política a causa para a intolerância e abstenção da sociedade. Não entendo dessa forma. Compreendo que ao jogar luz nos candidatos, permitimos que eles se mostrem como verdadeiramente o são, estimulando uma cidadania participativa, menos vulnerável a discursos oportunistas e do estelionato eleitoral.
Salvadores da pátria, heróis e aqueles que costumam pegar carona em movimentos passageiros de nossa sociedade tendem a se retrair no atual espectro polarizado. Entre Bolsonaro e Lula, os demais pretensos candidatos à Presidência da República terão que descer do muro, formando vias alternativas para opção de voto do eleitorado brasileiro.
Do lado da sociedade, dos eleitores, caberá buscar o entendimento em meio as distintas tendências políticas. Uma sociedade que se pretende democrática precisa saber conviver neste cenário multipolar, sem se deixar contaminar pelo ódio e por discursos generalistas nutridos apenas pelo senso comum.
Já que – mesmo em tempos tão sensíveis, com a população duramente abalada por todos os efeitos nocivos dessa pandemia – nos impõem antecipar as discussões eleitorais de 2022, que esse debate venha para posicionar as peças no tabuleiro, sem lapidações marqueteiras, sofismas e estratégias desleais para ganhar o jogo. As cartas estão na mesa.
Zequinha Marinho é senador pelo estado do Pará. Correligionário do Partido Social Cristão (PSC), já foi deputado estadual, federal e, antes de ocupar a cadeira no Senado, esteve como vice-governador do Pará.
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