“Antes tarde do que nunca”, diz economista que assinou carta por ações contra pandemia

Para a economista e professora da Universidade Johns Hopkins Monica de Bolle, o atual quadro da pandemia de covid-19 no Brasil é um resultado esperado diante da falta de ação do poder público. A especialista é uma das assinaturas na carta de empresários e banqueiros que pediu ações do governo federal diante do quadro sanitário.

No domingo, 21 de março, foi publicada a “Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia”, com mais de 500 assinaturas. O texto tem o apoio de banqueiros, empresários e economistas, como Armínio Fraga, Beny Parnes, Pedro e Marisa Moreira Salles, Roberto Setubal, entre outros.

No documento, o grupo diz que o Brasil é hoje o epicentro mundial da covid-19, que o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde, que a situação econômica e social é desoladora e que esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a covid-19 não for controlada por uma atuação competente do governo federal.

Em entrevista ao Almoço do MyNews, Bolle afirmou que a missiva é um recado ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), mas é uma mensagem que chegou atrasada. “Infelizmente, vimos o que vimos, o país entrou em colapso e agora no colapso, saiu a carta, antes tarde do que nunca”.

“O conteúdo da carta é essencialmente o que venho dizendo há um ano. Foi necessário, infelizmente, que a gente chegasse ao colapso anunciado no sistema de saúde, que discuto no livro ‘Ruptura: Série A Pilha de Areia’ e que também falei na entrevista que dei ao Roda Viva, em abril de 2020, que esse colapso da saúde ocorreria, se nós não cumpríssemos medidas de distanciamento necessárias, se nós não tivéssemos um plano para vacinar as pessoas assim que as vacinas começassem a chegar ao mercado, se nós não fizéssemos junto com as medidas de lockdown, as medidas de auxílio emergencial de proteção do social necessárias”.

A professora da Universidade Johns Hopkins cita dois pontos que ela considera como principais da carta: “O que está dito ali que eu concordo plenamente, é que é preciso fazer um lockdown no pais, isso é necessário agora, o Brasil realmente precisa fechar para não morrer e junto com o lockdown, é preciso ter as medidas de proteção social adequadas”.