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Mineradora arremata ferrovia com lance mínimo em leilão sem concorrentes

Bamin vence por R$ 32 milhões leilão para ferrovia que liga Ilhéus a Caetité e é alvo de críticas de ambientalistas

por Juliana Causin em 08/04/21 21:55

No segundo dia da Infra Week, série de três leilões de infraestrutura que acontece esta semana, a Bahia Mineração (Bamin) arrematou o trecho inicial da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Sem concorrentes, a companhia ganhou a concessão com a oferta de R$ 32,73 milhões, valor próximo do preço mínimo estipulado pelo governo federal. 

O valor é bem mais baixo do que o arrecadado nesta quarta-feira (7) quando o governo arrecadou mais de R$ 3 bilhões com a oferta de 22 aeroportos que tiveram sete empresas concorrentes. 

A Bamin é subsidiária do grupo Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão. Com o resultado do leilão, a empresa irá operar por 35 anos os primeiros trechos da Fiol que ligam os municípios de Ilhéus (BA) e Caetité (BA). Ao todo, R$ 3,3 bilhões são esperados em novos investimentos — desses, R$1,6 bilhão deve ser empregado na finalização da ferrovia. 

A empresa era apontada como a principal interessada no projeto, que servirá como uma rota de escoamento do minério de ferro extraído da Mina Pedra de Ferro, operada pela Bamin em Caetité, no interior do Estado. A ferrovia servirá de rota para exportação do minério de ferro a partir do Porto Sul, em fase de construção em Ilhéus, no litoral baiano.

Apesar das promessas de geração de empregos e progresso para o Estado, a ferrovia tem sido alvo de críticas da população local, pesquisadores e ambientalistas. Em carta aberta, 65 organizações da sociedade civil, empresas da região sul da Bahia e movimentos sociais alertam investidores via ferroviária “inviabiliza o cumprimento dos padrões ambientais, sociais e de governança necessários para garantir a sustentabilidade em suas operações e investimentos”.

Em Caetité (BA), a Bamin deve construir uma barragem de rejeitos cinco vezes maior que a do Fundão, que rompeu em Mariana, em 2015. Parte da ferrovia irá atravessar uma área preservada de Mata Atlântica. 

“Essa estrada de ferro vai cortar uma área que é considerada uma reserva da Mata Atlântica. Há um impacto ambiental de fato e o debate sobre o projeto passa por isso”, avalia Júlio Hegedus, analista da Ohmresearch, em entrevista ao Dinheiro Na Conta. 

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