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BALAIO DO KOTSCHO

A saga de um idoso em busca da aposentadoria que o INSS mandou para outro banco

Um cidadão idoso, morador de São Paulo, aposentado desde 1997 por tempo de serviço, há vários anos pediu a revisão do valor do seu benefício.

Em 04/12/23 20:04
por Balaio do Kotscho

Ricardo Kotscho, 75, paulistano e são-paulino, é jornalista desde 1964, tem duas filhas, 5 netos e 19 livros publicados. Já trabalhou em praticamente todos os principais veículos de mídia impressa e eletrônica. Foi Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República (2003-2004). Entre outras premiações, foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados com o Troféu Especial de Direitos Humanos da ONU, em 2008, ano em que começou a publicar o blog Balaio do Kotscho, onde escreve sobre a cena política, esportes, cultura e histórias do cotidiano

Um cidadão idoso, morador de São Paulo, aposentado desde 1997 por tempo de serviço, há vários anos pediu a revisão do valor do seu benefício.

Nem lembrava mais disso quando, no começo deste ano, a Justiça lhe deu ganho de causa em segunda instância.

Para quê?

A partir daí, o INSS simplesmente deixou de pagar o benefício como fazia todos os meses, na mesma conta, do mesmo banco, fazia 27 anos, sem lhe dar nenhuma satisfação (Sim, em breve ele poderia se aposentar pela segunda vez. Poderia, antes, é claro, da Reforma da Previdência, que alargou os prazos e reduziu os benefícios).

O idoso ligava para o banco Itaú para saber o que tinha acontecido. Informavam-lhe apenas que o INSS não estava mais depositando o benefício – nem no valor antigo, nem no novo, determinado pela Justiça.

Ao ligar para o INSS, lhe garantiam que os benefícios estavam sendo pagos corretamente. Mas aonde?

Para descobrir o paradeiro do dinheiro, foi preciso o idoso constituir um advogado e entrar novamente na Justiça para saber aonde tinha ido parar o seu benefício.

Intimado pelo juiz, na semana passada, finalmente, o INSS  informou ao idoso por e-mail que os benefícios foram depositados numa agência do Banco do Brasil, no centro da cidade, onde ele nunca teve conta.

Não se tratava de uma nova aposentadoria, mas apenas de um pequeno reajuste na antiga, ou seja, poderiam continuar depositando o novo valor na mesma conta de sempre.

Ao se apresentar para receber os pagamentos numa agência bancária onde nunca tinha entrado, recebido por seguranças armados, o idoso notou que constavam da lista apenas alguns benefícios atrasados, não todos a que tem direito. O advogado teria que acionar de novo o juiz para que o INSS pague os valores integrais ainda devidos.

Só então o cidadão/contribuinte/beneficiário/cliente tomou conhecimento da palavra “portabilidade”, o que quer dizer, em burocratês castiço, a transferência dos depósitos para o banco certo, onde o idoso tem conta, e não para qualquer outro da grande cidade. Isso levará, por baixo, mais uns 40 dias até que tudo seja resolvido.

Ao trocar a conta, por engano ou negligência, poderiam pelo menos ter avisado o idoso sobre o novo endereço, mas isso só aconteceria depois do juiz intimar o INSS a informar, em 15 dias, o paradeiro dos pagamentos (não) efetuados a quem de direito.

Para receber as diferenças de valores referentes aos 60 meses anteriores à decisão da Justiça que concedeu a revisão, como determina a lei, que serão pagos por precatório, o idoso foi informado pelo advogado que deverá esperar outros dois anos, no mínimo.

Esse idoso, por acaso, sou eu.

Em tempo: se alguma alma caridosa do Ministério da Previdência ler esse texto, agradeceria se informasse o líder trabalhista Carlos Lupi, que comanda a máquina do INSS, sobre o que anda acontecendo lá dentro.

Sei que, como a minha, devem existir nesse momento milhares de outras sagas como essa acontecendo pelo país afora, sem final feliz, sem que ninguém fique sabendo. Mas ainda acho que certas coisas só acontecem comigo e com o Botafogo.

Vida que segue.

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