Ameaças nas redes sociais a servidores da Anvisa se intensificaram após agência liberar vacinação de crianças a partir de cinco anos
por da Redação em 20/12/21 13:11
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou nesta segunda-feira (20) ter adotado as providências necessárias para assegurar a proteção dos dirigentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O presidente do órgão, Antônio Barra Torres, havia encaminhado um ofício no domingo (19) pedindo proteção policial aos servidores que participaram da liberação da vacina da Pfizer para crianças a partir de cinco anos após aumentarem as ameaças nas redes sociais.
No ofício encaminhado à PGR no domingo, Torres afirma que as ameaças aumentaram muito nas 24h anteriores, o que traz a necessidade de novas investigações para identificar os autores e apurar responsabilidades. Em novembro, pedido semelhante já havia sido feito quando a agência havia autorizado a vacinação em adolescentes a partir de 11 anos.
Na nota divulgada pela PGR, eles afirmam terem dado encaminhamento também às denúncias anteriores. “[Denúncias anteriores] foram diligentemente tratadas por membros do Ministério Público Federal no Distrito Federal e no Paraná, que contam, no tema, com o zeloso trabalho da Polícia Federal”, sustenta a nota.
De acordo com a agência, o ofício também seria encaminhado aos ministros do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, além do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino.
O tom do documento revela alta tensão na agência. “Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil. não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas.”
Em outro trecho do documento, a agência diz que o crescimento das ameaças nas redes sociais aumentaram a preocupação e o receio de diretores e servidores quanto à sua integridade física e de sua família e geraram “evidente apreensão” de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento.
O pedido de socorro veio após o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter afirmado na live da última quinta-feira que iria expor os nomes de todos os envolvidos na liberação da vacina Pfizer para crianças a partir de cinco anos. Segundo ele, os pais têm direito de saber quem são para aí tomar a decisão de vacinar os filhos ou não.
Ontem, no litoral paulista, Bolsonaro voltou a falar sobre o assunto. Disse que vai pedir para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, exigir pedido médico e a assinatura de um termo de responsabilidade pelos pais para autorizar a vacinação em crianças. Disse que isso não será decidido por prefeitos e governadores.
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