Brasil

8 de março

Firmeza gentil! MyNews, um canal dirigido e feito por muitas mulheres

Equipe do canal é 60% composta por mulheres

por Myrian Clark em 08/03/23 19:27

Em 2018 nascia o canal MyNews de jornalismo no YouTube. Era um ano eleitoral com cenário político polarizado. Fazer um canal independente de jornalismo naquele momento parecia coisa de maluco. E era mesmo! A ideia partiu da cabeça de uma mulher, Mara Luquet, que montou um time recheado de mulheres do qual sou a editora-chefe. Um ano depois da estreia, nos tornamos um caso de estudo mundial na plataforma.

A qualidade dos debates e análises, a pluralidade de ideias e o jeito simples de tratar assuntos complexos nos proporcionaram um engajamento e uma interação até então desconhecidos no YouTube. Neste Dia Internacional das Mulheres me orgulho de termos uma equipe composta por 60% de mulheres.

Mesmo estando ao lado de grandes veículos de comunicação – como Globonews, CNN e BandNews -, o MyNews foi eleito o melhor canal de notícias em 2020 e ficou entre os Top 10 canais digitais do prêmio Ibest na categoria Política em 2021 e Veículo de Opinião em 2022. Nós tínhamos encontrado o nosso nicho e para isso rezamos diariamente a cartilha da persistência e da paciência.

É bem verdade que tivemos ajuda, mergulhamos na generosidade de especialistas que se dispuseram a dividir seus conhecimentos conosco. Foi assim que professores, advogados, cientistas, artistas, médicos, economistas, filósofos, juízes, cientistas políticos, jornalistas e toda sorte de especialistas se uniram ao nosso propósito de levar informação de qualidade para o público. Fomos subindo em relevância ao mesmo tempo que puxamos muitos desses especialistas para cima, dando a eles voz e a merecida visibilidade.

Aos poucos, fomos nos definindo perante a audiência: uma alternativa consistente, leve e informal. Um canal dirigido por mulheres com uma identificação maior com as situações vividas pelas outras mulheres da equipe. Certa vez, durante uma gravação presencial, um dos integrantes do estúdio se mostrou surpreso com o meu tom de voz: suave e amigável demais. Para ele, aquilo não combinava com alguém que estava no comando. Me questionei internamente e mantive o tom. Felizmente, a gravação foi um sucesso. Percebi que tínhamos na nossa essência algo muito feminino, dentro, claro, das diversas possibilidades do ser feminino: firmeza gentil. Desejei que o mundo todo fosse assim e pensei no meu espaço de trabalho como uma oportunidade para compartilhar isso com os outros.

Ao longo destes 5 anos foram inúmeras as dificuldades e batalhas. Passamos por crises de toda ordem. Também discutimos muito o que queríamos ser, qual o nosso norte e como chegaríamos até lá. Fizemos um código de ética, um manual de boas práticas e não foram poucas as divergências e debates entre a equipe. Mas de uma coisa nunca discordamos: nossa contribuição para um debate construtivo. Não queremos treta e nem “lacrar”. Nosso foco está na escuta plural, no diálogo, no acolhimento às diversidades e na gentileza.

Veio a pandemia da Covid-19, dificuldades econômicas, equipe enxuta, trabalho remoto, flexibilidade de horários e uma necessidade de estarmos ainda mais próximas da nossa audiência. Trocamos os programas gravados por lives onde interagíamos com o público. Passamos a fazer lives diárias. Nos tornamos um refúgio para acolher as angústias da audiência ao mesmo tempo em que passávamos as informações.

Debatemos ainda mais as sobrecargas das mulheres, falsamente apresentadas como “superpoderes”. Discutimos as inúmeras tarefas familiares sob a responsabilidade das mulheres face à ausência dos homens. O resultado foi surpreendente para todo mundo e até para mim mesma. Estávamos todos – do lado de cá e do lado de lá da tela – fragilizados pela ameaça de um vírus desconhecido. Mas juntos era mais fácil seguir em frente.

Foi assim que encontramos a nossa fórmula secreta: a inteligência da nossa audiência. Nosso público não precisa ser tutelado, não quer alguém que diga como deve pensar ou agir. As pessoas querem informação de qualidade sem ódio, com uma escuta ativa, que não seja empolada e se abra dentro das suas fragilidades.

Nesse dia das mulheres, eu desejo que mulheres e homens se inscrevam no MyNews. Tem uma coisa especial acontecendo nesse canal. Você só precisa ter um pouco de sensibilidade para perceber. Mas se precisar de uma forcinha, nosso time de mulheres incríveis está a postos!

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