Ministro Fernando Haddad afirma que país está aberto ao diálogo e busca alternativas para medidas que entram em vigor no dia 01 de agosto
O tarifaço de anunciado por Donald Trump ao Brasil está prestes a começar. A medida entra em vigor na sexta-feira, 1º de agosto. Muitas dúvidas rondam o país, comércio, mercado, empresários e outros setores, todos apreensivos. A taxa de 50% imposta pelos Estados Unidos preocupa. Do lado brasileiro, o governo tenta adiar ou até reverter a decisão.
Empresários buscam auxiliar o Brasil, já que o aumento das tarifas de importação sobre produtos como ferro gusa, laranja e café pode afetar significativamente a economia nacional. A recomendação, por ora, é evitar retaliações. Trata-se de uma corrida contra o tempo, com menos de uma semana para tentar uma solução.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou estar aberto ao diálogo e já prepara um plano para proteger empregos diante da medida.
“O Brasil nunca abandonou a mesa de negociação. Acredito que, ainda nesta semana, haverá algum sinal de interesse em conversar. Algumas autoridades americanas parecem mais sensíveis ao perceber que podem ter exagerado, e já demonstram disposição para diálogo. Empresários nos informaram que estão encontrando mais abertura por lá” disse Haddad.
O ministro ainda reforçou a confiança nas ações do governo:
“Estamos muito confiantes no trabalho que preparamos para enfrentar esse momento. A decisão externa não partiu de nós, mas o Brasil estará pronto para proteger suas empresas e seus trabalhadores. E, ao mesmo tempo, continuará buscando diálogo, racionalidade e respeito mútuo”, acrescentou em entrevista nesta terça-feira (29).
Apesar da postura diplomática, alguns senadores e diplomatas brasileiros nos Estados Unidos demonstram preocupação com um eventual encontro ou ligação entre Trump e Lula. Eles temem que o republicano tente constranger o presidente brasileiro em público, como já fez com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Segundo interlocutores, a proximidade do Brasil com a China e sua atuação no Brics incomodam o governo americano.
Há especulações de que Trump se sinta ameaçado pelo Brics. Se antes ele tratava o grupo com indiferença, agora parece querer punir os países que considera rivais. No Brasil, a família Bolsonaro argumenta que as sanções de Trump seriam uma retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. E até postagens em redes sociais defendendo o ex-presidente foram realizadas.
Trump voltou à presidência dos Estados Unidos após vencer as eleições de 2024. Desde então, prometeu acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia, promessa ainda não cumprida, e já impôs tarifas à União Europeia, ao Japão e às Filipinas, além de Reino Unido, Vietnã e Indonésia.
Apesar disso, esses países conseguiram, por meio do diálogo, reduzir as tarifas inicialmente anunciadas por Trump. Em muitos desses acordos, no entanto, houve contrapartidas: o republicano garantiu promessas de investimentos, como parte de sua política de “restaurar a grandeza dos Estados Unidos”.
A comitiva de senadores brasileiros que estão em Washington, em busca de uma solução, também não estão conseguindo resultados positivos. De lá, os aliados de Bolsonaro argumentam que não cabe ao Legislativo achar uma solução, mas tentar intermediar. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que integra essa comissão, chegou a dizer que “passou da hora” de Lula ligar para Trump.
O senador mineiro Carlos Viana (Podemos) declarou que “está na mesa” uma conversa entre os presidentes dos dois países. Os senadores petistas na comissão, casos dos líderes Jaques Wagner (BA), do governo, e Rogério Carvalho (SE), líder do PT, tentam negociar nos bastidores e evitam polemizar com os colegas da comitiva.