Situação na Cracolândia não se resolve com bombas, aponta psiquiatra que atua na região Centro de São Paulo
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  • 9 de dezembro de 2020
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Situação na Cracolândia não se resolve com bombas, aponta psiquiatra que atua na região


As imagens de um arrastão na área conhecida como Cracolândia, na região central de São Paulo, viralizaram nas redes sociais na última terça-feira (8). No entanto, elas já fazem parte do cotidiano e são relatadas de forma constante por moradores e profissionais que atuam naquele pedaço da cidade.

Uma das pessoas que presenciou o ocorrido na região foi Flávio Falcone, psiquiatra pela Unifesp e que desenvolve projeto com a população que vive em torno do crack. Ao Almoço do MyNews desta quarta-feira (9), ele contou que a situação toda começou após um ataque com bombas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar contra o fluxo, como é conhecida a massa de pessoas usuárias de crack que se concentra na Cracolândia.

Em reação, conta Falcone, parte das pessoas se revoltou e começou a atacar veículos na região. “Óbvio que eu não apoio esse tipo de ação, mas foi uma reação à violência praticada pela GCM e pela PM”.

O psiquiatra, que atua na região desde 2012 e se veste de palhaço para facilitar a aproximação com os usuários de crack, vê esse e outros conflitos na região conhecida como Cracolândia como parte de uma disputa de território, na qual quem está no fluxo está fora dos programas de moradia previstos para a área. E a ação dos policiais seria uma forma de expulsar pouco a pouco essas pessoas.

Questionado sobre o que poderia mudar a situação da Cracolândia e de seus moradores, Falcone cita uma pesquisa feita pela Unifesp que identificou três desejos principais: moradia, emprego e tratamento contra a dependência da droga.

“O problema não se resolve com violência policial. O que aquelas pessoas precisam é de moradia, emprego e de um tratamento que olhe pra necessidade de cada uma daquelas pessoas ali. E que a internação e abstinência sejam alguns dos recursos a serem utilizados, não os únicos como tem sido até agora”.

Segundo nota emitida pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo, os ataques da PM foram uma resposta a atitudes de integrantes do fluxo, que teria jogado pedras e pedaços de paus.

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