Países da região estão reagindo à morte de civis palestinos no conflito
Em 02/11/23 13:21
por Coluna da Sylvia
Sylvia Colombo nasceu em São Paulo. Foi editora da Ilustrada, da Folha de S. Paulo, e atuou como correspondente em países como Reino Unido, Colômbia e Argentina. Escreveu colunas para o New York Times em Espanhol, o Washington Post em Espanhol, e integra os podcasts Xadrez Verbal e Podcast Americas. Entrevistou a vários presidentes da regão. Em 2014, participou do programa da Knight Wallace para jornalistas na Universidade de Michigan. É autora do "Ano Da Cólera", pela editora Rocco, sobre as manifestações de 2019 em vários países da regiõa. Vive entre São Paulo e Buenos Aires, enquanto viaja e explora outros países da Latam
Divulgação
Assim que teve início a ocupação da Ucrânia por parte da Rússia, os países sul-americanos foram os que mais tardaram em tomar um partido, e poucos o fizeram de fato. Me lembro de estar em Santiago, no Palácio de La Moneda, esperando um pronunciamento do recém-eleito mandatário chileno, Gabriel Boric, e ele não titubeou em condenar o ataque a Ucrânia.
Poucos o seguiram. Algumas semanas depois, em visita à Casa Branca, Petro foi indagado sobre se mandaria ou não armas, tanques e outros aparatos de guerra para a Ucrânia. Petro se esquivou, disse que havia muitas guerras no mundo e que estava concentrado em resolver a questão da violência em seu próprio país.
Já o conflito entre Israel e o Hamas tem sido diferente. E países da região tem se manifestado com maior ênfase, principalmente após o bombardeio de um campo de refugiados em Gaza. O primeiro país a fazê-lo foi a Bolívia, e tomou a atitude mais extrema, rompendo relações com Israel. Não chega a ser uma surpresa. Já no dia seguinte ao ataque do Hamas em território israelense, o ex-presidente Evo Morales lançou um tuíte dizendo que apoiava as ações do grupo terrorista.
Depois, com a escalada da retaliação, Morales postou um pedido para que Israel fosse classificado como um “Estado terrorista”, e que Benjamin Netanyahu fosse denunciado à corte penal internacional por genocídio e crimes de guerra.
O rompimento foi anunciado pela ministra María Nela Prada, em representação do atual presidente, Luis Arce. “Nós exigimos que os ataques à Faixa de Gaza acabem, pois eles estão acabando com a vida de milhares de civis e causando um deslocamento forçado de palestinos”, afirmou, em uma coletiva de imprensa em La Paz. Tampouco se trata da primeira vez que a esquerda boliviana demonstra suas antipatias contra Israel. Durante a gestão de Evo Morales, em 2009, também houve um rompimento das relações com o país ante um ataque deste à Faixa de Gaza.
As relações só foram reatadas pela presidente interina Jeanine Áñez, que assumiu depois da renúncia de Evo Morales, após um período de caos político que o levou a deixar o país.
Outros países estão demonstrando preocupação. O Chile, com uma comunidade de 500 mil palestinos existe mesmo um clube de futebol no país com esse nome, chamou seu embaixador em Israel para consultas.
O presidente Gabriel Boric afirmou que havia tomado essa decisão por conta das “violações à lei humanitária internacional que Israel estava cometendo em Gaza, e que são inaceitáveis”. Boric ainda afirmou que as mais de 8 mil mortes de civis causadas pela ofensiva israelense em Gaza demonstram que se trata de “uma punição coletiva contra a população civil em Gaza”. Também o posicionamento a favor dos palestinos tem a ver com a política interna do país. Há na base de apoio do governo, integrantes de origem palestina, como Daniel Jadue, que já foi presidenciável.
O mesmo ocorreu com a Colômbia. O presidente Gustavo Petro convocou também seu embaixador para consultas. Petro é um defensor da causa palestina e vem atacando fortemente a retaliação israelense aos ataques de 7 de outubro. Primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, Petro disse durante a semana que tomava essa atitude por conta do “massacre do povo palestino”.
O mandatário colombiano ainda fez uma comparação entre as atitudes de Israel com as de Adolf Hitler. Israel respondeu por meio de seu ministro das relações internacionais, Eli Cohen, que acusou Petro de colocar vidas de judeus em risco, encorajando “os horríveis atos dos terroristas do Hamas por meio de declarações hostis e antisemitas”. A posição de Petro acabou criando uma fricção interna na política colombiana, justamente num contexto em que o governo saiu derrotado das eleições regionais ocorridas no último dia 29.
Um dos que saíram ao ataque de Petro foi seu sucessor, Iván Duque, que o acusou de não mencionar o ataque terrorista do Hamas em seus comentários sobre o conflito.
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