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Para que servem as primárias argentinas?

A pergunta parece óbvia, mas a resposta, não tanto. A corrida presidencial na Argentina já está a todo vapor

Em 29/06/23 09:08
por Coluna da Sylvia

Sylvia Colombo nasceu em São Paulo. Foi editora da Ilustrada, da Folha de S. Paulo, e atuou como correspondente em países como Reino Unido, Colômbia e Argentina. Escreveu colunas para o New York Times em Espanhol, o Washington Post em Espanhol, e integra os podcasts Xadrez Verbal e Podcast Americas. Entrevistou a vários presidentes da regão. Em 2014, participou do programa da Knight Wallace para jornalistas na Universidade de Michigan. É autora do "Ano Da Cólera", pela editora Rocco, sobre as manifestações de 2019 em vários países da regiõa. Vive entre São Paulo e Buenos Aires, enquanto viaja e explora outros países da Latam

A pergunta parece óbvia, mas a resposta, não tanto. A corrida presidencial na Argentina já está a todo vapor e com viradas de roteiro estonteantes a cada semana – isso para uma população que acompanha a política quase de modo tão visceral como faz com o futebol.

Apesar de a votação geral ocorrer apenas em outubro, as atenções agora estão presas às eleições primárias. Ou, como seu nome oficial indica, as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO), marcadas para o próximo dia 13 de agosto.

Esse recurso foi implementado em 2009, durante o primeiro mandato de Cristina Kirchner. A ideia era que os eleitores decidissem, por meio das urnas, quem preferiam que fosse o candidato por cada uma das forças políticas. Porém, apesar de serem os criadores das PASO, os kirchneristas jamais as respeitaram em sua vocação principal.
Corrente altamente dependente de um líder personalista _ no passado, foi Juan Domingo Perón ou Carlos Menem; recentemente, Néstor e Cristina Kirchner_, os kirchneristas, principalmente, jamais conseguiram apresentar duas opções viáveis para uma sucessão.

Outros partidos também fazem isso, foi o caso de Mauricio Macri na última eleição, na qual saiu derrotado, e o próprio peronismo, que jogou todas as suas fichas em Alberto Fernández. Este chegou ao posto e fracassou.

No caso das PASO atuais, medo de perder, de desgastar o partido em fricções internas e centralismo da decisão do líder, fazem com que, mesmo antes da primária, a força política se una em torno de um só nome. Apontado praticamente ao estilo “dedazo” mexicano pelo caudilho da vez. Desta vez foi Cristina Kircher, que escolheu como seu nome na disputa ao atual ministro da economia Sergio Massa.

A única força que chegará às PASO de fato para disputar a vaga em uma chave será o Juntos por el Cambio, coligação encabeçada pelo ex-presidente Mauricio Macri. Aí disputarão, de um lado, Horacio Rodríguez Larreta, astuto e pragmático chefe de governo da Cidade de Buenos Aires, contra Patricia Bullrich, admiradora de Bolsonaro e amiga de Sergio Moro, que tem discurso de mão dura com relação ao narcotráfico.

É preciso ficar de olho nessa disputa, uma vez que, nas pesquisas e nas eleições regionais, é o Juntos Por el Cambio quem vem ganhando mais cargos regionais e pontuando adiante na pesquisa para intenção de voto.

O peronismo também terá duas fórmulas, mas muito desiguais, concorrendo aí. Desiguais porque Massa, ao ser o escolhido de CFK terá toda a máquina pública para fazer sua candidatura decolar. Conta contra ele, porém, o fato de ser o ministro de economia de um país com inflação de 3 dígitos. Mas, por ora, ele não parece ter muita dificuldade em derrotar seu rival nas PASO, o líder ativista Juan Grabois.

As PASO também servem, e neste ponto funcionam, para filtrar as candidaturas de nanicos muito nanicos. É preciso obter mais de 1,5% dos votos nas PASO para seguir em qualquer candidatura.

Com todos seus problemas, as primárias argentinas são um avanço num sistema político que costumava ser caótico com demasiados candidatos. Temos, inclusive, tido exemplos catastróficos em países da região que não adotam sistemas semelhantes, como Equador e Peru.

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