Na semana em que se comemorou o Dia dos Pais, faço uma avaliação do novo álbum de Carol Saboya, em que a artista recria músicas compostas pelo pai
por Aquiles Reis em 15/08/24 15:45
Capa do álbum Outro Tom — Canções de Antonio Adolfo | Foto: Divulgação
Na semana em que se comemorou o Dia dos Pais, escolhi tratar de Outro Tom — Canções de Antonio Adolfo (AAM), o décimo quarto álbum de Carol Saboya. O carinho da filha Carol Saboya por seu pai, Antonio Adolfo, brota da garganta da cantora carioca e proporciona momentos de arrebatamento ao ouvinte.
O repertório é uma sutura de instantes vivenciados com o pai nos palcos e nos estúdios de gravação. Assim, cada música representa um momento que foi escolhido após ressurgir de profundas recordações.
Pianista que é, Carol foi ao instrumento e recriou, ao seu jeito, dez músicas compostas por Antonio entre os anos 1972 e 1980. Obras para as quais seu pai também escreveu as letras, à exceção de uma, Alegria de carnaval, parceria com o saudoso Tibério Gaspar.
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E já que citei Alegria de carnaval, vamos a ela, que fecha o álbum. Graças à tecnologia, Carol resgatou a gravação desta música, realizada em 1979, que tinha Antonio no piano Fender Rhodes, Binho no trompete, Zé Carlos Bigorna no sax e Serginho Trombone no… trombone, aos quais agora se ajuntaram a guitarra de Gabriel Quinto, o baixo de Guto Wirtti (também produtor musical e arranjador do disco) e a batera de Renato Máximo. Já o vocal, que originalmente estava com o grupo Viva Voz, agora está com Amanda e Joana, filhas de Carol. As duas, mais Carol, tão suaves, entregam-se de corpo e alma ao fervor do frevo.
Outro tom: Carol inicia arritmo. O Fender de Antonio se esmera em protegê-la. O baixo de Wirtti e a batera de Massa encaminham a levada suave, que ainda conta com a pandeirola de André Siqueira. Logo o violão assume os compassos em fino improviso. A voz de Carol leva o canto com doçura infinita. Um coro dá seu ar da graça ao arranjo.
Carola / Acalanto: Carol escolheu duas composições instrumentais feitas por Antonio em louvor a ela, que estalam feito beijos de amor paterno. E Carol trata de nos emocionar com seu canto enternecido, graças aos 60 anos de carreira do pai e, também, aos seus próprios 25 anos de ofício. Arritmo, o Fender de Antonio acompanha os vocalises de Carol. Logo vêm as palavras escritas pelo pai, amorosas que só elas, às quais Carol retribui com o cantar que desde criança traz no coração já adulto. Wirtti dedilha notas no teclado. Ela dobra a voz em vocalises, para exclamar, logo que conclui o canto: “Está lindo, pai, vamos ouvir?” É verdade, Carol, está mesmo!
Aonde você vai: Carol canta com participação de Renato Teixeira (ele que vem compondo parcerias com Antonio). Wirtti toca baixo, pandeiro, zabumba e violão de 12 cordas; Gabriel Quinto, violão, e André Siqueira, percussão. O suingue encandece a riqueza da música. A percussão de Siqueira, somada à de Wirtti, dá ao arranjo o resfolego que se amplia com o recurso do reverber. O astral vai lá em cima!
Cantando em nome do pai, Carol Saboya foi além: doou-lhe abraços e beijos musicais e sonoros. Tocantes!
Aquiles Rique Reis
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