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Economia

INFLAÇÃO E INVESTIMENTOS

O que muda com a alta da taxa básica de juros para 5,25% pelo Banco Central?

Para conter inflação, Copom eleva Selic ao maior nível desde outubro de 2019. Até o fim do ano, taxa básica de juros pode chegar a 7%.

por Juliana Causin em 04/08/21 20:50

Pela quarta vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic. A alta veio dentro do esperado pelos analistas do mercado financeiro: de 4,25% para 5,25% ao ano – o maior nível desde outubro de 2019. Até o fim do ano, as projeções apontam para uma taxa Selic de ao menos 7%, em meio ao processo de subida de juros que começou em março deste ano.

A decisão do Banco Central (BC) vem na esteira das preocupações com a inflação, pressionada pelo aumento nos preços da energia elétrica e dos combustíveis. Em 12 meses, o IPCA, índice considerado a inflação oficial do país, registra alta de 8,35%. As projeções do mercado financeiro reunidas no relatório Focus, do BC, apontam para o IPCA em 6,79% até o fim do ano – acima do teto da meta do Banco Central, de 5,25%.

O objetivo principal do BC ao subir os juros é justamente conter a alta da inflação. No comunicado sobre a decisão, o Copom alerta que a inflação ao consumidor “continua se revelando persistente”. Essa é a primeira vez em 18 anos que o Comitê decide em uma reunião aumentar o patamar dos juros em 1 ponto percentual.

“Esse ajuste também reflete a percepção do Comitê de que a piora recente em componentes inerciais dos índices de preços, em meio à reabertura do setor de serviços, poderia provocar uma deterioração adicional das expectativas de inflação”, diz o Comitê. O documento destaca ainda a preocupação com novas pressões nos preços, como uma nova elevação da bandeira de energia e novos aumentos nos preços dos alimentos, “ambos decorrentes de condições climáticas adversas”, informa o texto.

Para Fábio Passos, CIO da CA Indosuez, o momento atual é de normalização da taxa de juros, depois da pandemia fazer com a Selic atingisse a mínima histórica de 2%. “A redução que a gente teve que fazer [dos juros] para contrapor os efeitos negativos da pandemia foi muito forte. O que a gente está vendo agora é de certa forma uma normalização da taxa de juros”, avalia ele, em entrevista ao MyNews Investe.

O MyNews Investe é transmitido de segunda a sexta, a partir do meio-dia, no Canal MyNews

Como ficam os investimentos com a alta da Selic?

Para Passos, diferente dos anos em que a taxa básica de juros girava em torno de 12% e 13%, o cenário ainda não é de uma migração dos investidores e gestores da renda variável (como ações) para o mercado de renda fixa (como CDBs e Títulos do Tesouro). “Porque mesmo com a taxa de juros a 5% ou 7%, você ainda tem uma expectativa de inflação muito alta. O investidor não deveria olhar apenas para a expectativa de alta da Selic mas também para a alta da inflação”, explica ele.

“Pensando para frente, mesmo os investidores que estão vendo essa alta como uma oportunidade de voltar para renda fixa, evitar a volatilidade do mercado, precisam ver isso com cuidado”, diz ele.

Ele destaca, no entanto, que títulos de renda fixa atrelados à inflação – como o Tesouro IPCA – são boas opções no momento é interessante para quem busca diversificação. Esse papéis, ao terem a rentabilidade atrelada ao IPCA, têm a vantagem de serem uma proteção da pressão inflacionária. “Eu acho que faz parte ou deveriam fazer parte do investidor comum, como todos nós”, afirma.


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