Bolsonaro disse que “Brasil está quebrado” e que os brasileiros e também criticou a formação profissional dos trabalhadores
por Vitor Hugo Gonçalves em 06/01/21 11:59
Nesta terça-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na parte externa do Palácio da Alvorada, afirmou para um grupo de apoiadores que o Brasil está “quebrado” e que a mídia possui culpa por essa situação.
“O Brasil está quebrado, e eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia”.
As declarações destoam de posicionamentos públicos recentes da equipe econômica, bem como do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do mandatário. Ambos insistem no discurso de plena recuperação econômica, capaz de gerar consequências positivas para a arrecadação de impostos.
Bolsonaro também criticou a formação profissional média dos brasileiros. Segundo o presidente, uma das explicações para o desemprego no país é que parte dos brasileiros não tem preparação para fazer “quase nada”.
No Morning Call desta quarta-feira (6), Victor Hasegawa, gestor da companhia Infinity Asset, comentou sobre os impactos das declarações do presidente acerca do mercado doméstico e internacional, além das possibilidades de restauração econômica que repercutem no setor financeiro.
“Certamente, um discurso que impõem o insucesso administrativo é compreendido como uma mensagem que ninguém gostaria que o presidente do seu país dissesse”, disse o gestor.
Segundo Hasegawa, “para o investidor estrangeiro é pior, pois eles não têm tanta informação de como realmente é o Bolsonaro. Assim, eles podem ouvir essas declarações e pensarem ‘nossa, se o presidente do próprio país disse que a nação está quebrada, ela realmente deve estar’… Isso para o setor externo é bem ruim”.
Referindo-se ao populismo da figura presidencial, o gestor caracteriza o depoimento como informal e exagerado, considerando que o país não está, de fato, falido.
“Mesmo assim, é uma mensagem ruim, porque o Brasil realmente pode quebrar se não forem aprovados os projetos necessários para que nós não cheguemos ao fundo do poço. Estamos perto, mas não estamos lá”, ponderou.
O convidado falou ainda sobre a externada impossibilidade de atuação anunciada por Bolsonaro, desmentindo a manifestação com exemplos práticos de possíveis procedimentos operacionais e monetários – como a atualização da tabela do IR, também mencionada pelo presidente.
“Essa fala sobre não ter o que fazer não é verdade, porque ele barrou alguns projetos e medidas que seriam impopulares, mas que desviariam nosso percurso da quebradeira. Por exemplo: uma reforma administrativa que incluísse funcionalismo público; adesão ao imposto digital (o qual Paulo Guedes é a favor) […] Então, ele teria o que fazer. Custaria, no curto prazo, alguns pontos na popularidade dele, mas, no longo prazo, poderia salvar o país”, concluiu.
Complementando a pauta, Hasegawa analisou a conjuntura burocrática da esfera pública, enfatizando a necessidade efetiva de alterações: “Uma reforma administrativa seria necessária, pois o custo da máquina pública é muito alto; pesa muito para nós, da iniciativa privada, sustentarmos esses gastos”, finalizou.
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