País tem 14,8 milhões de desempregados, segundo IBGE. Para especialistas, recuperação deve ser lenta e crise pode gerar anos de efeitos negativos para mercado de trabalho
por Juliana Causin em 30/07/21 18:36
O trimestre encerrado em maio fechou 14,6% da população desempregada no Brasil, segundo divulgou nesta sexta-feira (30) o IBGE. São 14,8 milhões de pessoas em busca de uma oportunidade de trabalho no país, de acordo com o Instituto. O resultado representa a segunda maior taxa de desemprego da série histórica, que começou em 2012. O recorde, de 14,7%, aconteceu nos trimestre encerrados em março e abril, refletindo os efeitos da pandemia.
O economista sênior da LCA Consultores e pesquisador do Ibre-FGV, Bráulio Borges, lembra que a situação de desemprego no país pré-pandemia já era preocupante, com taxa em torno de 11,5%. A avaliação dele é que, até o fim de 2021, a taxa esteja em cerca de 13% – ainda longe de um cenário de equilíbrio. “O desemprego subiu de elevador e vai subir de escada no caso brasileiro”, diz o economista.
Ele explica que o cenário “estável” em relação ao desemprego no Brasil é de uma taxa de cerca de 9,5%, chamada taxa de desemprego de equilíbrio. Ele avalia que a recuperação desse cenário passa pelo estímulo a criação de vagas formais.
“É interessante você trabalhar, por meio de políticas públicas, para a geração de bons empregos, empregos que tenham certa estabilidade, previsibilidade e que tenham por trás uma rede de proteção social em caso de oscilações macroeconômicas”, avalia o pesquisador, em entrevista ao MyNews Investe.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, o Brasil perdeu 1,3 milhão de vagas com carteiras assinadas em um ano. A recuperação do trabalho desde então, de maneira geral, tem sido puxada pela informalidade, que encerrou o trimestre de maio em 40% – acima dos 39,6% da pesquisa anterior.
O nível de ocupação, de acordo com o instituto, ficou em 48,9%. O IBGE destaca que o nível está abaixo dos 50% há um ano, o que significa que menos da metade da população apta ao mercado de trabalho está ocupada.
Mesmo com um cenário de controle da pandemia, a recuperação do emprego e dos salários no Brasil ainda pode levar quase uma década. Essa é a avaliação de um relatório divulgado na última terça-feira (20) pelo Banco Mundial. Segundo o documento, a crise econômica gerada pela pandemia deve provocar efeitos negativos nos empregos e salários por nove anos.
A avaliação do órgão é que “grandes sequelas” devem permanecer no países da América Latina, como efeito de redução dos índices de emprego formal. As cicatrizes desse período, segundo o relatório, devem ser mais intensas nos trabalhadores menos qualificados, sem ensino superior.
Joana Silva, economista sênior do Banco Mundial, explica que a capacidade de geração de emprego no país no pós-pandemia depende, além de programas sociais e de geração de emprego, da recuperação econômica.
“É muito importante endereçar fatores estruturais para que a economia e as empresas que são fortes e produtivas possam criar empregos”, diz ela, em entrevista do MyNews Investe. “O emprego é criado nas empresas portanto boas empresas é o que nós precisamos para que elas sejam fortes e vigorosas na América Latina e no Brasil”, completa.
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