Estudo da FGV Social mostra desigualdade em nível histórico no primeiro trimestre de 2021, enquanto renda média dos brasileiros despenca
por Juliana Causin em 15/06/21 15:13
Com a deterioração do mercado de trabalho na pandemia, a desigualdade social no Brasil subiu para nível histórico no primeiro trimestre do ano, enquanto a renda média dos brasileiros despencou. As informações são parte de um estudo divulgado nesta segunda-feira (14) pelo economista Marcelo Neri, do FGV Social.
O Índice Gini, que mede o nível de desigualdade dos países, subiu para 0,674 nos primeiros três meses de 2021 no Brasil e renovou o recorde. Na escala do Gini, o valor mais próximo do 1 equivale a mais concentração de renda, enquanto o zero, sinaliza maior igualdade econômica. Um ano antes, a medida no brasil era de 0,642.
O estudo mostra ainda a decréscimo na renda dos brasileiros depois de um ano de pandemia. Pela primeira vez o valor ficou abaixo dos mil reais mensais, com R$ 995 de média per capita no primeiro trimestre do ano. O resultado representa uma queda de 11,3% em relação ao mesmo período de 2020, quando a renda média per capita estava em R$ 1.122.
A pesquisa considera dados da Pnad Contínua, do IBGE, e analisa a renda efetivamente recebida do trabalho, dividida pelos integrantes da família. Segundo Marcelo Neri, que assina a publicação do estudo, os dados mostram que o Brasil retrocedeu nos avanços conquistados nas últimas duas décadas em relação a desigualdade.
“O Brasil teve um péssimo desempenho em termos de desigualdade. A gente devolveu quase dois terços da queda de desigualdade que tínhamos obtido nesse século, isso na grande recessão e durante a pandemia”, afirma o economista, que é diretor do FGV Social.
Em entrevista do Dinheiro Na Conta, economista Nelson Marconi, professor da FGV-EAESP, explica que o resultado demonstra o quanto a alta do PIB no primeiro trimestre ainda não reflete em melhores condições sociais e econômicas para as famílias.
“Houve um crescimento da produção e do PIB, mas por outro lado o emprego não acompanhou. O pior é que quem mais se beneficiou [da alta do PIB] foi quem já ganhava bem, pessoas que mantiveram seus empregos ou já trabalhavam em suas áreas. Boa parte da população continua à margem do mercado de trabalho”, explica ele.
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