Economia

Mercado de trabalho

Economista diz que desemprego pode passar de 15%

Índice da Miséria, calculado pela MB Associados, sobe no início do ano; economista-chefe da instituição prevê aumento do desemprego

por Fernanda Oening em 17/03/21 14:29

O Brasil atingiu o nível mais alto do índice de miséria desde setembro de 2016, próximo dos 20 pontos. o resultado foi calculado pela MB Associados e é composto pela soma da taxa de desemprego e do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) em 12 meses. O cenário do desemprego aliado a alta da inflação, colaboraram para esse recorde. E a tendência é que esse resultado pressione ainda mais a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em fevereiro, o indicador ficou em 19,8%, considerando um IPCA acumulado em 12 meses de 5,2% e por uma taxa de desemprego com ajuste sazonal de 14,6%, estimada pela MB — o número mais recente divulgado pelo IBGE é o de dezembro.

“A gente considera a soma da taxa desemprego com a taxa de inflação. Ele dá um pouco de percepção do ponto de vista da sociedade em relação a economia. De como tá o bolso desse indivíduo no final. A taxa desemprego significando, eventualmente, perda de renda disponível”, explica Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Esse indicador está sinalizando, desde o ano passado, uma piora de percepção. E muito, provavelmente, a gente vai continuar vendo isso acontecer ao longo desse primeiro semestre. A taxa desemprego subiu muito, por conta da pandemia no ano passado e a taxa de inflação por conta desse choque de commodities, que vemos desde o final do ano passado. E, também, por conta da desorganização na produção industrial vemos uma pressão muito grande nos índices de preços em geral e um aceleração neste primeiro semestre”.

E a perspectiva para os meses restantes de 2021 não é nada positiva. “A taxa desemprego deve subir um pouco mais, podendo passar de 15% até junho e a taxa de inflação também. Especialmente depois dos últimos indicadores mensais, estamos vendo essa taxa caminhar para algo entre 7 e 8% no acumulado em 12 meses. São números bastante elevados. Então, a percepção da população é de que a situação na economia está frágil e de que ela está sendo afetada por isso tudo”, explica Sergio Vale.

Pesquisa XP/Ipespe, que foi divulgada na sexta-feira (12), também trouxe dados sobre a avaliação o governo de Jair Bolsonaro. Para a maioria dos entrevistados, 45%, o governo é ruim ou péssimo, uma alta em relação aos 35% do fim do ano passado. Para quem considera ótimo ou bom, o percentual caiu de 38% para 30%. Para 63% dos consultados a economia está no caminho errado e 61% veem como ruim ou péssima a gestão de Bolsonaro da pandemia.

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