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Brasil à deriva

Fim do auxílio emergencial e indefinição no Brasil lançam cenário turvo para 2021

Além da saída de cena do benefício, segue a indefinição sobre possível novo programa de distribuição de renda

por Rodrigo Borges Delfim em 29/12/20 09:32

Fila em agência da Caixa Econômica Federal na Av. Paulista, São Paulo
Fila em agência da Caixa Econômica Federal na Av. Paulista, São Paulo. Auxílio emergencial não será renovado para 2021.
(Foto: Roberto Parizotti/Fotos Públicas)

A Caixa Econômica Federal começa a pagar nesta terça-feira (29) a última parcela de R$ 300 do auxílio emergencial. Ao mesmo tempo, a persistência da situação de pandemia e a indefinição sobre programas de apoio econômico para 2021 geram um cenário turvo para o ano que se aproxima.

De abril a dezembro, o governo gastou cerca de R$ 322 bilhões para pagar o auxílio emergencial (R$ 600) e as parcelas extras do auxílio extensão (R$ 300). Aproximadamente 70 milhões de pessoas receberam pelo menos um pagamento do benefício, criado para socorrer aqueles mais afetados pela pandemia.

O auxílio emergencial foi bancado por uma medida extraordinária chamada de Orçamento de Guerra. Aprovado pelo Congresso, esse recurso permitiu ao governo se endividar para fazer frente às despesas urgentes trazidas pela crise em razão da Covid-19.

No entanto, esse Orçamento de Guerra não terá continuidade em 2021, embora a pandemia persista e dê sinais de agravamento no Brasil, assim como em outros países. A solução seria aprovar uma nova medida extraordinária que extrapolaria mais uma vez o teto de gastos, o que tende a comprometer ainda mais a situação fiscal do Brasil.

Brasil à deriva

Para a economista Juliana Inhasz, professora no Insper, a ausência do auxílio emergencial já começo de 2021 é suficiente para projetar que o próximo ano deve ser mais duro que o imaginado anteriormente. E vê a situação ainda pior diante da indefinição governamental a respeito do tema.

“Pior que isso é a incerteza sobre como os auxílios emergenciais chegam em 2021. O Renda Brasil continua uma celeuma, a gente não sabe como vai ser feito. O ministro [Paulo Guedes] diz que há um problema de financiamento, mas a população não tem tanto tempo assim para esperar essa resolução”, analisa a economista durante participação no programa Morning Call, do MyNews, nesta terça.

A economista fez ainda uma comparação com a situação vivida pelos Estados Unidos. Embora o país seja o líder mundial em casos de Covid-19 – o Brasil é o terceiro com mais registros de infectados – a vacinação já teve início e foi aprovado um pacote de estímulo econômico da ordem de US$ 2,3 trilhões.

Segundo Inhasz, esses elementos conferem uma solidez maior para a economia americana. E em consequência, tornam o cenário mais favorável para investidores que buscam segurança em meio à instabilidade da pandemia.

Esse cenário menos turbulento para o investidor é também visto pela economista como um dos motivos para a alta recente do dólar. A moeda terminou a segunda-feira (28) cotada em R$ 5,23, uma valorização de 1,12% em relação ao fechamento anterior.

“Naturalmente o plano de vacinação, o pacote de auxílios, fazem sim, com que esse investidor veja que na economia americana há um porto seguro. Diferente do que acontece aqui, que está um tanto quanto à deriva”, finaliza Inhasz.

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