Paulo Gala avalia condução econômica do governo e alerta para um início de 2021 problemático ao Brasil
por Juliana Causin em 27/02/21 12:19
Com um ano da pandemia no Brasil e a marca de 250 mil mortos pela covid-19 no país, o presidente Jair Bolsonaro questionou na última quinta-feira (25) o uso de máscaras, uma das formas consagradas pela ciência para conter a disseminação do vírus.
O discurso do presidente da República, que não lamentou as mortes pela pandemia na semana que foi um marco da doença no país, repercutiu na imprensa internacional. As declarações foram destaque em publicações como o inglês The Guardian e o americano The New York Times.
Para o economista Paulo Gala, professor da EESP/FGV, mestre e doutor em Economia pela FGV, o negacionismo do presidente vai além da pandemia e atinge também os rumos da política econômica.
“Do ponto de vista dos ativos financeiros, a agenda perseguida por Paulo Guedes é plenamente eficaz. Agora a agenda de recuperação econômica do país só vai sofrer ainda mais com essas medidas que o governo está perseguindo”, avalia o economista em entrevista do Dinheiro Na Conta.
Na última semana, depois do imbróglio com a determinação da saída do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, o presidente Bolsonaro sinalizou ao mercado financeiro com a entrega de um projeto para facilitar a privatização dos Correios e de uma medida provisória para capitalização da Eletrobras. O presidente também assinou o projeto de lei sobre autonomia do Banco Central e acenou à agenda liberal.
A PEC Emergencial, que traria ajustes fiscais em troca da volta do auxílio emergencial, não andou. Deve ser apreciada pelo Congresso na próxima semana, enquanto o presidente Jair Bolsonaro promete que o auxílio emergencial deve voltar a ser pago em março.
Para Paulo Gala, que é também presidente da gestora do Banco Fator, em uma crise histórica como a gerada pela pandemia, o governo deveria seguir exemplos internacionais de países que têm investido mais e proporcionado mais estímulos ao crescimento.
“O horizonte de recuperação da economia brasileira está muito, muito ruim. O Brasil vai na contramão do que o mundo inteiro faz”, disse. Os rumos traçados até então, para ele, mostram que “o governo é negacionista também na área econômica”.
Gala aponta que o ano de 2021 começa muito problemático para o Brasil. Para ele, o fim do auxílio emergencial, a perspectiva de uma volta do benefício menor para este ano, e o agravamento pandemia da covid-19, que dificulta a recuperação de setores da economia, deve levar o PIB a ter retração no primeiro trimestre do ano, com risco de queda também no segundo trimestre.
“O negacionismo do governo com a pandemia, a recusa em reconhecer a pandemia, passando agora pela questão da vacina que é dramática para o Brasil[…] é uma loucura completa. Isso vai ter um preço em termos econômicos que é gigantesco”, analisa o economista. “Para não falar das vidas que estão sendo perdidas, a gente vai pagar ainda um preço enorme agora de desaceleração, de provável recessão, de aumento da desigualdade de renda”.
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