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Economia

BOLSO APERTADO

Inflação sobe 0,83% em maio e tem maior alta em 25 anos

Alta da energia elétrica pesou no mês, enquanto preço dos alimentos e combustíveis continua subindo

por Juliana Causin em 10/06/21 13:16

A inflação em maio subiu 0,83%, segundo divulgou nesta quarta-feira (9) o IBGE. Esse foi o maior resultado para o mês em 25 anos e veio acima das projeções de analistas do mercado, que em média esperavam uma alta de 0,70%. Com a inflação de maio, o IPCA acumula alta de 8,06% em 12 meses e figura acima do teto da meta do Banco Central, de 5,25%.

Combustíveis e energia
Pesou para o aumento dos preços no último mês, segundo o IBGE, a alta no custo da energia elétrica, que subiu 5,37%. O encarecimento é resultado da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que começou a valer em maio.

Além da energia, as altas dos combustíveis também pesam no bolso dos consumidores, com destaque para o custo do etanol (12,92%), gás encanado (4,58%), gás de botijão (1,24%), óleo diesel (4,61%) e gasolina (2,87%).

Mercado mais salgado
Com peso principalmente para os mais pobres, o grupo de alimentação e bebidas continuou subindo no IPCA de maio e teve alta de 0,44%. O destaque do mês foi o preço mais salgado da alimentação fora de casa (0,98%), enquanto carnes e óleo de soja continuaram encarecendo. 

Segundo o IBGE, a inflação desses itens é reflexo ainda do aumento das exportações e do custo maior para produção, com a valorização das commodities no mundo.

Preços continuam subindo em 2021?
“O que chama a atenção dessa divulgação em especial é que se trata de mais uma surpresa que está se tornando sistemática”, avalia Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos em entrevista do Dinheiro Na Conta. 

Ele explica que as decisões de alta de juros para 2021 pelo  Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, não devem surtir efeito para este ano. Para o economista, a atuação da autoridade monetária esse ano é necessária para fazer com que a pressão inflacionária deste ano não se perpetue em 2022. 

 “O Banco Central já não tem mais potência de política monetária sobre a inflação de 2021. Fica tudo com olho para 2022. Eles devem subir os juros nas próximas reuniões para conter a perspectiva da inflação que avança de 2021 para 2022”, afirma. “O Banco Central tem que agir para que o ano que vem não seja igual a este”, completa. 

O economista Gilberto Borça, mestre em economia pelo IE-UFRJ, lembra que embora a perspectiva seja de arrefecimento da inflação ao longo de 2021, os analistas têm cada vez mais revisto para cima as projeções do ano. “O pouso final da inflação em 2021 tem sido revisto para cima. Pode ser que o IPCA fica perto do teto da meta (5,25%) para esse ano”, diz.

Ele pondera, no entanto, que os riscos de novos choques inflacionários até o fim do ano continuam no radar. “É aquilo, qualquer choque ou acontecimento não antecipável, como o recrudescimento da crise hídrica e a redução da oferta de energia, pode fazer com que o IPCA fique acima do teto da meta para este ano”, afirma Borça.

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