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Crise sanitária

Lockdown: “Não há outra maneira de impedir a contaminação acelerada”

Para médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, lockdown é uma saída para locais no limite: “a velocidade da vacinação não vai ser suficiente para segurar a corrida contra o vírus”

por Juliana Causin em 18/03/21 18:49

Não há saída para o colapso na saúde pública, em decorrência da pandemia da covid-19, sem medidas de restrição da circulação de pessoas. Essa é a avaliação de Daniel Dourado, médico e advogado sanitarista, pesquisador do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da Universidade de São Paulo (USP) e do Institut Droit et Santé da Universidade de Paris. 

“Não é porque a gente acha que é bom ou agradável fazer isso, mas é porque não tem outro caminho [que não o lockdown]. A velocidade da vacinação não vai ser suficiente para segurar a corrida contra o vírus”, afirma Dourado.

Com 282 mil mortos pela pandemia, o Brasil registrou na terça-feira (16) mais um recorde de óbitos em 24 horas, com 2.798 vidas perdidas para a covid-19.

Em entrevista ao Dinheiro Na Conta, o pesquisador falou da importância das medidas de restrição e de uma coordenação nacional para conter a aceleração no número de mortos. Segundo Dourado, o processo de ampliação de leitos de UTI, mesmo que necessário, pode ser lento na situação atual. “Não se cria leito de UTI de um dia para o outro. O governo pode até ter o dinheiro, mas é preciso ter estrutura, ter pessoal”.  

Segundo boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta terça-feira (16), 24 Estados brasileiros e o Distrito Federal estão com taxa de ocupação de leitos de UTI acima dos 80%. Em 15 estados, a taxa passa de 90%. O documento aponta ainda que 25 das 26 capitais do país apresentam mais de 80% dos leitos de UTI ocupados.

“Na hora que lota a UTI significa que a gente já está algumas semanas atrasado. O que precisa ser feito imediatamente é identificar os pontos mais críticos no país e articular maneiras de fazer o fechamento”, diz o médico. 

Dourado é cético em relação a uma mudança de postura do governo federal em relação à pandemia, mesmo com a troca de comando no ministério da Saúde, com a saída do general Eduardo Pazuello e a entrada do médico Marcelo Queiroga no comando da pasta. Ele diz, no entanto, que seria papel da pasta nesse momento articular e dar suporte ao fechamento das cidades em situação limite. 

“O Brasil não tem outro caminho agora a não ser o fechamento. Os municípios que estão em situação pior têm que fazer o lockdown. E o governo federal tem que dar essa condição, tem que dar suporte e condição para isso”, diz o médico. 

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