Após reunião, presidentes do Brasil e da Rússia fazem menções à relação comercial entre as duas nações. Especialista explica como a importação de fertilizantes russos é fundamental para a economia brasileira.
por Vitor Hugo Gonçalves em 16/02/22 20:41
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, fizeram discursos com foco na economia após realizarem uma reunião de cerca de duas horas em Moscou nesta quarta-feira (16). Não houve abertura para perguntas da imprensa e nenhum dos mandatários citaram a crise na fronteira ucraniana.
Putin começou seu discurso agradecendo a visita brasileira, aproveitando a oportunidade, inclusive, para enviar condolências em referência à tragédia provocada pelas chuvas na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
No discorrer da fala, o russo afirmou que “Brasil e Rússia têm amizade e entendimento, além de laços humanitários e econômicos, e cooperamos nas áreas internacionais nos maiores fóruns, como a ONU e o BRICS. Manifestamos a vontade de aprofundar a ligação econômica dos dois países, […] pois o Brasil é o maior parceiro da Rússia na América do Sul e Caribe”.
O presidente russo ressaltou, ainda, a reativação da comissão empresarial Rússia-Brasil, abordando os investimentos, correntes e futuros, das empresas russas no país em diversas áreas, sobretudo nos setores tecnológicos, aeroespacial e de energia nuclear. Putin enfatizou que busca mais cooperação com o Brasil no âmbito do agrupamento denominado BRICS (composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que desempenha um papel importante na economia mundial.
Já Bolsonaro agradeceu a Putin pelo convite e reiterou a pauta de costume e valores: “Conversamos por quase duas horas, uma agenda bastante profícua e de amplo interesse para os nossos países. Compartilhamos valores comuns, como a crença em Deus e a defesa da família tradicional. Também somos solidários com quem quer se empenhar pela paz”.
Assim como o russo, o chefe do Executivo brasileiro ressaltou a colaboração intensa nos principais foros internacionais. No entanto, Bolsonaro aproveitou a ocasião para dar uma alfinetada nos Estados Unidos e nos países da União Europeia.
Após agradecer o convite, Bolsonaro disse ser grato pelo apoio russo à soberania nacional do Brasil, enquanto, por outro lado, “alguns países quiseram transformar a Amazônia em patrimônio mundial da humanidade”.
O advogado Emanuel Pessoa, que atua na área de Direito Econômico Internacional, explicou que, por trás da viagem de Bolsonaro e desse encontro entre líderes, a principal pauta em jogo diz respeito ao comércio internacional de fertilizantes.
“Os principais itens de exportação brasileiro são produtos primários, com grande destaque para produtos agrícolas e commodities minerais… Dentro do ponto de vista das commodities agrícolas, o Brasil importa 80% dos fertilizantes que utiliza; e desse percentual, a Rússia é responsável por 24% – outros 6% é proveniente da Bielorrússia, que é extremamente alinhada ao Kremlin”, elucida Pessoa. “Na prática, dependemos desse eixo Moscou – Minsk importarmos 30% dos fertilizantes que utilizamos”, declarou.
Segundo o advogado, sem essa parceria comercial saudável, o Brasil sofreria um enorme impacto econômico. “Haveria uma queda violentíssima na nossa produtividade agrícola, que impactaria o custo de vida de todos os brasileiros e consequentemente do mundo todo, uma vez que o Brasil é o principal exportador de gêneros alimentícios do planeta. Faria com que o preço da comida disparasse”, afirmou.
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A entrevista completa com o advogado Emanuel Pessoa e mais detalhes sobre o encontro entre Bolsonaro e Putin, você confere no MyNews Investe desta quarta-feira (16):
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