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Economia

BOLSA EM ALTA

Por que o Ibovespa sobe mesmo com a escalada da crise política?

Em semana com troca de seis ministros e demissão coletiva nas Forças Armadas, Ibovespa encerrou a terça-feira com o 4ª pregão de alta e subiu 1,24%

por Juliana Causin em 31/03/21 14:58

Apesar da demissão conjunta dos três comandantes das Forças Armadas nesta terça-feira (30), com uma escalada na crise política, o principal Índice da Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão em alta pela 4ª vez consecutiva – com ganhos de 1,24%, aos 116.849 pontos.

Na segunda-feira (29), quando a crise foi deflagrada e o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva,  o Ibovespa teve valorização de 0,56%, aos 115.418 pontos. No mês, o saldo é positivo: alta de 6,19% na Bolsa.

Para André Perfeito, economista-chefe da Nécton, “o mercado observou o copo meio cheio da reforma ministerial”. Em entrevista ao Dinheiro Na Conta, ele explica que foram vistas com bons olhos duas mudanças nos ministérios de Bolsonaro na segunda-feira (29).

A primeira é a saída de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores – depois de diversas crises diplomáticas e desgastes com o Congresso. A segunda é a escolha da deputada do Centrão, Flávia Arruda (PL-DF), como nova ministra-chefe da Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política com o Congresso.

“Esses dois movimentos foram bem vistos. Só que a gente tem que tomar cuidado com algumas coisas”, alerta Perfeito. Apesar da análise do “copo meio cheio”  que investidores tiveram com a reforma ministerial de Bolsonaro, o economista diz que é preciso ter prudência e sugere cautela. “Não é porque você teve uma melhora no preço do Ibovespa, com alta de algumas ações, que você possa generalizar esse processo para todos os dias”, afirma.

Perfeito destaca que o desgaste de Bolsonaro com o comando das Forças Armadas ainda pode ter desdobramentos políticos e deve continuar no radar. “É verdade que houve esse movimento mais positivo no início da semana, mas nada garante que esse continuará sendo o tom. Pelo contrário, vejo um nível de tensão ainda elevado”. 

Ele destaca que apesar da alta da Bolsa nos últimos dias, o dólar continua sendo pressionado, também como um dos reflexos da instabilidade política. A moeda chegou próxima dos R$5,80 neste início de semana. Depois de leve recuo de 0,07%, o dólar comercial encerrou a terça-feira (29) cotado a R$ 5,76. 

Nesta quarta-feira (31), a sessão é marcada pela volatilidade na Bolsa, mas refletindo o debate nos Estados Unidos sobre um novo plano de investimento do presidente Joe Biden para a economia do país. Às 12h56, o índice caía 0,42%

Orçamento de 2021 incerto

Além da crise política e institucional, André lembra também que o mercado vê com preocupação o rumo do Orçamento para 2021. O texto aprovado pelo Congresso é considerado inexequível por economistas e tem gerado preocupação inclusive  para a equipe econômica, que vê o risco de descumprimento da regra do teto de gastos com o documento da forma como foi aprovado. 

“A forma como ele foi aprovado abre muito margem para uso político dos gastos e das emendas parlamentares. E são justamente essas emendas parlamentares que garantem certa governabilidade para o presidente. Essa é a armadilha em que o presidente está”, explica André. 

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