Economia

Eleições 2022

Privatização da Petrobras: o que pensam os candidatos à presidência?

Em ano de eleição, o debate acerca da possibilidade de repassar a petrolífera para o setor privado é reanimado. Da venda imediata à interferência na política de preços, os presidenciáveis se dividem quanto à privatização

por Vitor Hugo Gonçalves em 14/02/22 20:12

Ano eleitoral que se preze tem os principais candidatos à presidência manifestando suas posições em relação à privatização da Petrobras. Desde 1989, ano que marcou o retorno democrático brasileiro, não se passou nenhum pleito presidencial sem que o assunto entrasse na pauta de campanhas e debates.

Fundada pelo então presidente Getúlio Vargas em 1953, a Petrobras atravessou décadas sendo configurada como uma empresa exclusivamente estatal. Com o lançamento do IPO de PETR3 no ano 2000, chegou à Bolsa de Valores e se transformou, então, em uma companhia de economia mista.

Getúlio Vargas mostra a mão suja de petróleo

Getúlio Vargas mostra a mão suja de petróleo. Foto: Reprodução (Alesp)

No entanto, o fator que mais se modificou com o passar dos anos é a parcela de representantes públicos em posição de destaque defendendo que a petrolífera seja totalmente alienada à iniciativa privada.

Atualmente, o preço dos combustíveis, por exemplo, tem gerado fortes cobranças ao presidente Jair Bolsonaro (PL), devido ao impacto direto no bolso dos consumidores. A Petrobras – e não poderia ser diferente – é parte significativa desse cenário, tendo em vista que uma generosa fatia do preço dos derivados do petróleo, como a gasolina e o diesel, é destinada à companhia. Em meio a uma conjuntura mundial de elevação do barril de petróleo (que já ultrapassa a casa dos US$ 95 dólares, tanto o Brent como o WTI) e de caça ao dragão da inflação – e no Brasil acresce-se as eleições –, como é que se posicionam os principais nomes da política nacional que objetivam o mais alto cargo do Executivo quando o assunto é privatizar a Petrobras?

Jair Bolsonaro

Começamos pelo atual mandatário: Jair Bolsonaro (PL). O presidente já fez diversas afirmações diversas em relação à privatização da Petrobras, algumas um tanto quanto polêmicas…

Em 2018, ainda como pré-candidato, Bolsonaro confirmou a possibilidade de privatização da petrolífera, mas deixava claro que era “pessoalmente contra”. Na ocasião, disse entender a presença estratégica da empresa, o que fazia com que o então candidato não tivesse a intenção de privatizá-la: “esse é o sentimento meu”.

Ao longo do mandato, no entanto, o discurso tomou outra direção, e o desejo de repassar a Petrobras para a esfera privada ficou cada vez mais evidente – inclusive por intermédio da pasta econômica, chefiada por Paulo Guedes.

Em 2021, o presidente confirmou diversas vezes o objetivo, falando até mesmo sobre sua pretensão em revisar a política de preços da estatal.

Após os últimos aumentos no preço dos combustíveis, Bolsonaro afirmou que, “se pudesse, ficaria livre da Petrobras”.

Lula

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já afirmou e reafirmou que, caso eleito, pretende intervir na política de preços da Petrobras. Vale ressaltar que o denominado Preço de Paridade de Importação (PPI) foi instituído pela companhia em 2016, e prevê que os preços cobrados pela petroleira no mercado interno acompanhem as variações do mercado internacional, em dólar – inclusive, essa é uma das principais razões para o aumento dos combustíveis, já que a moeda estadunidense, assim como o barril de petróleo, está em alta.

Lula recentemente afirmou que, como promessa eleitoral, não manterá os preços vinculados ao mercado internacional.

“Nós não vamos manter o preço dolarizado. Eu acho que os acionistas de Nova York, os acionistas do Brasil, têm direito de receber dividendos quando a Petrobras der lucro, mas é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro”, afirmou.

Ciro Gomes

Ciro Gomes (PDT) já criticou os lucros da Petrobras dizendo que os números positivos da estatal, devido seu passado cercado por escândalos de corrupção, eram como “um tapa na cara de cada brasileiro e uma apunhalada profunda no coração dos mais pobres”.

O pré-candidato, contudo, é contra uma possível privatização da estatal: “Temos, sim, que tomá-la de volta e colocá-la no seu verdadeiro rumo, que é o de gerar riqueza e bem-estar ao povo brasileiro”, confirmou à imprensa.

Em uma entrevista em 2018, quando questionado sobre uma possível privatização da Petrobras por parte do governo Bolsonaro, Ciro foi categórico ao dizer que a tomaria de volta “com as devidas indenizações”.

Sergio Moro

Na sequência temos Sergio Moro (Podemos). O ex-juiz já defendeu privatizar não só a Petrobras como de “todas as estatais”.

De acordo com uma reportagem veiculada pelo jornal ‘Folha de S.Paulo’, Moro considera a petrolífera “uma empresa atrasada”, pois ainda vive da exploração de petróleo — segundo o candidato, a exploração deve ser abandonado em prol de fontes de energia limpa.

No ano passado, Moro havia dito à imprensa que não era possível “fazer uma afirmação categórica” a respeito dessa pauta, mas que não enxergava “nenhum problema” na possibilidade de privatização.

“Se do ponto de vista econômico fizer sentido a privatização da Petrobras, se isso gerar eficiência para a economia, a decisão tem que ser tomada”, avaliou.

João Doria

João Doria (PSDB), atual governador do estado de São Paulo, afirmou que, uma vez eleito, pretende privatizar a companhia “para que ela seja mais competitiva”.

Segundo ele, a ideia é dividir a empresa em três ou quatro partes para a privatização ocorrer de maneira mais fluida. Ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’, Doria disse que o planejamento incluiria, ainda, a criação de um fundo de estabilização para o preço dos combustíveis.

“Haverá uma modelagem benfeita e profunda para garantir que a Petrobras possa cumprir um novo papel em sua história nas mãos da economia privada. Ela não terá o mesmo tamanho que tem hoje. Será fatiada”, explicou. Na oportunidade, o governador elucidou também o método: “As empresas que vencerem o leilão terão que mensalmente aportar recursos a um fundo de compensação que será um colchão a cada vez que tivermos aumentos mais expressivos no barril de petróleo no plano internacional”.

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