A expectativa ataques cibernéticos russos contra Ucrânia ainda não se concretizou, mas pode estar próxima de acontecer diante da extensão da guerra.
por Julia Melo em 18/04/22 14:46
Foto: Kevin Ku (Unsplash)
Em 2017, um ataque hacker originado na Rússia e direcionado à Ucrânia afetou sistemas bancários, de transporte e até de controle da usina de Chernobyl. O malware – software com objetivos danosos – chamado de ‘NotPetya’ se espalhou por outros países e atingiu até os Estados Unidos.
Com o início da invasão russa no território ucraniano em fevereiro, também se falou do início de uma guerra hacker, diante do histórico da Rússia enquanto superpotência cibernética. Mas, perto de completar dois meses de duração, o conflito ainda não teve um ataque hacker expressivo.
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A Ucrânia tem registrado invasões mais recorrentes chamadas de Distributed Denial of Service, ou seja, ataque distribuído de negação de serviço. Esse tipo de investida suspende temporariamente o uso de sistemas – nesse caso, os do governo ucraniano. De baixa complexidade, essas ações não mostram o poderio que era esperado do país comandado por Vladimir Putin.
Segundo o oficial de Proteção de Dados e membro da Associação Internacional de Profissionais de Privacidade, Marcelo Leite, para conseguir fazer uma invasão expressiva, é preciso preparo e discrição. Com o conflito, todo o mundo observa de perto as movimentações russas e grandes corporações, como a Microsoft, o Google e a Apple, tomaram medidas de precaução.
“Requer um preparo possibilitado por ninguém estar olhando. Quando eu faço um ‘NotPetya’, um ataque dessa magnitude, normalmente eu tenho um preparo maior e a possibilidade de fazer testes. Ninguém está esperando que eu esteja atacando”, explicou Marcelo Leite.
Outro fator que pode ter influenciado a ausência de um ataque expressivo, de acordo com o especialista, é o hacktivismo. Na primeira semana do conflito, o grupo hacker Anonymous, conhecido pelas ações políticas, declarou guerra à Rússia. Desde então vemos como o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, usa fortemente suas declarações nas redes sociais e em reuniões na Europa, América e Oceania para mobilizar as pessoas contra as ações de Putin. Isso também impacta nas ações dos hackers.
As autoridades ucranianas alertaram na terça (12) que hackers de uma equipe militar russa tentaram invadir, sem sucesso, os sistemas de uma companhia energética ucraniana – o que afetaria a comunicação de duas milhões de pessoas. A Rússia nega ataques cibernéticos ao país.
Segundo Marcelo Leite, devemos acompanhar uma escalada dos ataques cibernéticos russos. Seja porque precisou de tempo para prepará-los ou porque serão usados como uma forma de retaliação diante da extensão do conflito.
O especialista explica que, ao longo dos últimos anos, o governo russo fez um esforço para estatizar os hackers. Quem, até então, trabalhava por conta própria, como um civil, passou a trabalhar com o Kremlin. Ou seja, não é correto acreditar que a Rússia não tem poder de realizar invasões importantes nos próximos capítulos da guerra.
“A gente espera que o sequestro de sistemas e dados da Ucrânia comece a aumentar na medida em que o governo comece a armamentizar [sic] essa possibilidade”, afirmou Marcelo Leite.
Assista à entrevista completa com Marcelo Leite, que também é membro do canal, no Café do MyNews desta segunda-feira (18).
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