Dados do Inpe constatam a postura ‘antiambiental’ assumida pelo governo Bolsonaro
por Vitor Hugo Gonçalves em 08/01/21 19:11
O ano de 2020 o segundo pior em desmatamento na Amazônia Legal nos últimos cinco anos. De acordo com dados atualizados nesta sexta-feira (08) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi devastada uma área total de 8.426 km², perdendo apenas para 2019 (com 9.178 km²).
O mês de dezembro, mais afetado, apresentou um aumento de 14% em relação ao período anterior.
A constatação foi realizada pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), programa de levantamento diário que capta alterações maiores que 3 hectares (0,03 km²) na cobertura florestal. Esse controle incide tanto em regiões plenamente desmatadas como também para aquelas em processo de degradação, impactadas, por exemplo, pela exploração de madeira, mineração, agronegócio e queimadas.
O Deter, não é designado como o apontador oficial do desmatamento no país. No entanto, de acordo com o Inpe, “foi desenvolvido como um sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e demais órgãos ligados a esta temática.”
Dessa maneira, dentro do referido período de verificação, os dois primeiros anos do governo Jair Bolsonaro (sem partido) firmaram o mais imprudente cenário na região amazônica.
Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, os números implicam em políticas de fomento à desolação ambiental, seja qual for a intenção.
“Bolsonaro tem dois anos de mandato e os dois piores anos de Deter ocorreram na gestão dele. As queimadas, tanto na Amazônia quanto no Pantanal, também cresceram por dois anos consecutivos. Não é coincidência, mas sim o resultado das políticas de destruição ambiental implementadas pelo atual governo”, criticou Astrini.
Quanto às projeções para os próximos anos, há uma expectativa desanimadora, tendo em vista a paralisia governamental.
“Para 2021 não temos nada vindo do governo que indique uma melhora de rumos na agenda ambiental, muito pelo contrário. O governo, por exemplo, aposta na eleição de um aliado na presidência da Câmara exatamente para dar velocidade a projetos que ele não conseguiu votar em 2020. Um deles é o projeto de lei que abre terras indígenas para exploração de mineradoras e do agronegócio, além de prometer a volta da provisória 910, que diz respeito à grilagem de terras”, continuou.
A vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial nos EUA ecoou como um verdadeiro desagravo para a agenda ‘antiambiental’ da administração brasileira. A crescente pressão diplomática é caracterizada por um “alinhamento de grandes potências, que dão mais velocidade para a agenda climática mundial”. Astrini cita ainda, a título de exemplo, as promessas e compromissos mais acertados por parte da China e União Europeia.
“Já o Brasil está na outra ponta dessa corda, retrocedendo. Em dezembro, o governo apresentou um documento para a ONU dizendo que piorará suas promessas com relação às mudanças climáticas feitas em 2015. Estamos na contramão dessa agenda que vem sendo cada vez mais valorizada por outras nações. Entretanto, infelizmente, isso não vai alterar a opinião e o comportamento do governo Bolsonaro, mesmo com retaliações diplomáticas e comerciais”, concluiu.
Considerando a temporada de agosto de um ano a julho do ano seguinte, devido a variações climáticas e o ciclo completo de chuva e seca na Amazônia, o período 2019-2020 revelou, segundo dados oficiais do governo, obtidos por intermédio do sistema Prodes, uma área desmatada de 11.088 km².
De acordo com o Inpe, o número concebe um aumento de 9,5% em relação à temporada anterior (com 10.129 km²), registrando, assim, a maior área devastada desde 2008, quando o Prodes catalogou 12.911 km² devastados.
Sintetizando a pauta, Astrini afirmou: “O que o governo federal vem fazendo é terceirizar responsabilidades, culpar os outros, inventar teorias da conspiração e brigar com os números. Bolsonaro ocupou a tribuna da ONU para culpar indígenas pelo desmatamento da Amazônia […] Constantemente culpa ONGs, chamando-as, recentemente, de ‘câncer que gostaria de matar’. Então, o ritmo do governo é esse: não implementar mudanças na área, mas sim fugir das responsabilidades”.
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