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Desmatamento na Amazônia bate recorde em junho

Segundo dados do sistema Deter, do Inpe, Brasil atinge a quarta alta mensal consecutiva desde o início da série, em 2016

por Sara Goldschmidt em 09/07/21 12:56

O Observatório do Clima divulgou nesta sexta-feira (9) os dados do desmatamento na Amazônia no mês de junho, com base nas informações do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Conforme o mapeamento, os alertas bateram recorde no mês de junho, atingindo 1.062 km², a maior área para o período desde o início da série do sistema Deter, em 2016. É o quarto mês consecutivo de alta recorde.

Segundo dados do sistema Deter, do Inpe, Brasil atinge a quarta alta mensal consecutiva desde o início da série, em 2016
Alertas de desmatamento bateram recorde no mês de junho, atingindo 1.062 km². Foto: Ibama

Com esse resultado, o desmatamento anual deverá ultrapassar pela terceira vez a marca de 10 mil km² de destruição florestal, o que não ocorria desde 2008.

Faltam apenas os dados de julho para fechar o período da taxa oficial de desmatamento, o Prodes — medido de agosto de um ano a julho do seguinte. Na quarta-feira (7), o vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, afirmou: “A gente tem que chegar ao final do mês de julho com uma redução de uns mil km² de desmatamento (em relação ao ano de 2020). Esse é o nosso objetivo bem claro, um objetivo factível”. Em 2020 foram derrubados 10,8 mil km² de florestas na Amazônia, a maior taxa em 12 anos.

Segundo o Observatório do Clima, alguns números ajudam a entender por que essa meta é inaceitável:

– O “objetivo” de Mourão representa um aumento de 150% em relação à meta de 3.925 km² de desmatamento fixada em 2009 na lei da Política Nacional sobre Mudança Climática;

– A média anual de desmatamento nos dois primeiros anos do regime de Jair Bolsonaro foi de 10,4 mil km²;

– Na década anterior (2009-2018) foi registrada média de 6,4 mil km².


“O fato é que não há controle do desmatamento. Além de discursos contra o Ibama e o ICMBio, o presidente Jair Bolsonaro promoveu mudanças em normas e imobilizou a estrutura de fiscalização. Desde outubro de 2019, um artifício burocrático criado pelo governo trava a cobrança de multas ambientais em todo o país.” – ressaltou o Observatório em nota.

Em 2020, as multas por crimes contra a flora nos nove estados da Amazônia despencaram 51% na comparação com 2018.

Em junho deste ano, registrou-se na Amazônia o maior número de focos de incêndio para o mês em 14 anos. Já o Cerrado teve as maiores queimadas em 11 anos. “Desde o início, o regime Bolsonaro sabota os órgãos de fiscalização ambiental e adota medidas para favorecer quem destrói nossas florestas. Os altos índices de desmatamento não ocorrem por acaso: são resultado de um projeto do governo. Bolsonaro é hoje o pior inimigo da Amazônia”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

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