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Educação sexual é “direito” de crianças e obrigação prevista em lei, diz educadora

Pedagoga diz que Brasil registrou “desmonte” de políticas públicas contra violência sexual

por Luciana Tortorello em 24/03/21 18:20

A pedagoga e mestre em educação sexual, Caroline Arcari, autora do livro “Pipo e Fifi”, publicado pela editora Caqui, fala de violência doméstica e da importância da educação sexual para proteger as crianças.

Arcari relata que a violência sexual é mais comum do que se imagina. A estimativa é que 25% dos meninos e 37 % das meninas de 12 anos já passaram, passam ou passarão por algum tipo de violência sexual, diz a educadora sexual.

“Nos últimos 10 anos, nós tivermos uma caminhada de muitas conquistas devido à campanhas e também ao Plano Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual. Principalmente nos governos anteriores, porque agora, no atual, teve um desmonte de políticas públicas, principalmente em relação ao CONANDA, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente”, diz Arcari em entrevista ao Almoço do MyNews.

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicados em dezembro de 2020, mostram que a pandemia dificulta a denúncia de violência sexual de crianças e adolescentes. De acordo com o estudo, 84% dos casos de estupro de vulnerável registrados no Estado de São Paulo no primeiro semestre de 2020 aconteceram dentro de casa. Com o fechamento de escolas e outros espaços de socialização com a pandemia de covid-19, as oportunidades de abusos serem descobertos foram diminuídas.

Arcari destaca a importância da educação sexual, que isso é um direito à crianças e adolescentes. “Com tantas fake news, as pessoas costumam achar que falar de educação sexual com a criança é ensinar a fazer sexo. Não é nada disso. A gente tem um currículo. Inclusive a legislação brasileira põe como dever da escola trabalhar a educação sexual”.

Além disso, ela também escreveu o livro Pipo e Fifi. Arcari diz que explica na obra infantil sobre os toques que devem ser permitidos e quais não devem ser tolerados. “Pipo e Fifi tem uma metodologia que é o toque do sim e o toque do não, porque as crianças serão tocadas pelos adultos, na troca de fralda, para trocar roupa. Então o livro ensina todos os toques para saúde, são toques protetivos para ajudar a criança no dia a dia, para ajudar a lidar com esse corpo e fazer a higiene. E o toque do não são todos esses toques que envolvem o pedido do segredo, que o abusador faz que envolve partes íntimas, que envolve um toque que um adulto acaba chamando de carinho, para confundir a criança e que vai ultrapassar esses limites”.

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