Mãe de duas meninas, Isabelli Gonçalves é educadora parental e criadora de conteúdo. Ela fala sobre movimento de criação que prega uma educação baseada no respeito à individualidade das crianças.
por Suzana Souza em 08/05/22 09:29
Educadora parental Isabelli Gonçalves e suas filhas Helena, de 5 anos, e Lívia, de 3 anos. Foto: Acervo pessoal.
Já foi-se o tempo em que a educação infantil era sinônimo de incutir medo nas crianças com ameaças, palmadas e gritos. Hoje há um movimento de pessoas que lutam por uma forma de criar que seja o mais horizontal possível e que não pregue uma “obediência cega”. Uma das expoentes desse formato de criação é a educadora parental e criadora de conteúdo Isabelli Gonçalves.
“O trabalho do educador parental é basicamente o de educar os pais e mães para serem pais e mães. Significa que existe um jeito certo e um errado de criar? Não! Mas a gente vai ensinar sobre o desenvolvimento infantil, sobre maneiras de respeitar a criança e a sua individualidade”, explicou a especialista.
Gaúcha e moradora do Rio de Janeiro, Isabelli acumula mais de 373 mil seguidores no Instagram e outros 16,5 mil inscritos no Youtube. Ela tem duas filhas, as pequenas Helena, de 5 anos, e Lívia, de 3 anos. Em suas postagens e vídeos, Isabelli compartilha dicas e referências para a prática de uma criação baseada em uma forma justa e honesta de enxergar a criança enquanto outro ser humano, sem inferiorizá-las pelo fator da pouca idade.
“Nos estudos de neurociência, a gente faz uma investigação sobre a maturidade cerebral da criança. Paralelo a isso, há todo esse estudo sobre as razões dessa vontade de dominação por parte dos adultos. A ideia de que o filho precisa ser obediente, escutar sem emitir opinião, fica quieto…. De maneira histórica, a gente vê que essa necessidade da obediência cega, da criança obedecer e de ter que seguir os adultos sem questionar, vem principalmente das religiões cristãs, que se acreditavam que criança ‘nascia do mal’ e precisava ser punida e castigada para ser purificada”, explicou a educadora.
Ela contou que seu trabalho consiste em sessões de consultoria com a presença apenas dos pais e mães sem as crianças, que não se equiparam à psicoterapia, mas que contribuem para uma reflexão dos pais sobre a forma que eles foram criados e padrões a serem repetidos ou desconstruídos.
“Na educação parental, a gente chama de educação vertical essa em que os pais querem mandar sem serem questionados. Os educadores parentais entram para tornar essa educação o mais horizontal possível, onde os adultos possam compreender que temos o mesmo valor que as crianças. Nosso objetivo é quebrar ciclos violentos e melhorar o relacionamento dos pais com os filhos’, relatou.
A especialista explicou que o processo de educação parental também passa por uma investigação sobre a história e rotina daquela família.
“A gente sabe que todo comportamento infantil comunica alguma coisa. Por exemplo, se a criança está mordendo os coleguinhas na escola, a gente tem que entender a causa. Será que essa criança está com sono e acaba mordendo os amigos na escola por isso? Será que ela está sentindo vontade de comer algo? Está repetindo um comportamento aprendido? A gente faz essa investigação e entra como base complementar à psicoterapia e outras terapias”, contou.
Segundo ela, há diversas ferramentas e métodos para que os pais consigam sair de ciclos desses punição e castigo.
“Romper esses ciclos violentos familiares é difícil, a gente tem que cavar fundo na historia dos pais. Mesmo sabendo que na nossa infância a gente odiava ser tratado daquela maneira, por que esse processo é repetido? É aquela velha historia do oprimido sonhar em ser opressor, inconscientemente mesmo. Muitas famílias chegam querendo mudar a criança. ‘Quero mudar meu filho, ele não me obedece, ele não fica quieto’, mas a mudança é maior do que essa”, afirmou a especialista.
“Eu acho importante ressaltar também que não existe fórmula. Pais que educam de forma positiva educam de formas diferentes, mesmo dentro da mesma casa, da mesma família. O importante é ter como orientação uma forma de educação justa e respeitosa”, completou.
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